Uma nova opção de hortaliça orgânica começa chegar às feiras cariocas. A soja hortaliça, conhecida por edamame, já está sendo testada e comercializada por agricultores familiares orgânicos do Estado do Rio de Janeiro. Os testes de cultivo no Rio de Janeiro da soja brasileira BRS 267 desenvolvida pela Embrapa para o consumo humano como hortaliça foram iniciados em 2017 com bons resultados em solos fluminenses. Para estimular e ampliar essa cadeia produtiva, a Embrapa realizou, no dia 15 de março, o Dia de Campo da Soja Hortaliça em Guapimirim, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, com a participação de cerca de 20 pequenos produtores rurais, técnicos e extensionistas.
No mundo, existem mais de 3 mil variedades de soja, e no Brasil, são normalmente produzidas, como soja commodity em grandes propriedades rurais. Atualmente, o edamame comercializado em território nacional é importado da China. As equipes da Embrapa Soja, Embrapa Trigo, Embrapa Agrobiologia e seus parceiros UFRRJ e Pesagro, lideradas pela equipe da Embrapa Agroindústria de Alimentos vêm trabalhado no fomento e pesquisa do produto brasileiro, com enfoque de cadeia de produção, objetivando o cultivo orgânico, com parceiros como a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO). Pequenos produtores rurais dos municípios de Guapimirim, Magé, São José do Vale do Rio Preto, Cachoeira de Macacu e Itaguaí participam de testes de campo e de processamento artesanal da soja hortaliça. “Os produtores logo percebem que é um bom negócio, pois o plantio ocorre em um período de entre safra de hortaliças, tem uma janela de oferta interessante e colhe um produto com alto valor agregado. É a oportunidade de diversificar a oferta de produtos orgânicos e agroecológicos para seus clientes”, afirmou Luiz Henrique Teixeira, técnico da ABIO.
Quem está muito animada com o cultivo e comercialização da soja hortaliça é a agricultora familiar, Maria Helena de Souza, que com o seu marido, José Luiz de Almeida, do Sítio Santo Expedito em Guapimirim, abriu a sua propriedade para o Dia de Campo realizado pela Embrapa. “É gostosa, sustenta, e estou colocando nas cestas orgânicas, em pacotinhos de 300 gramas, que comercializo no Rio de Janeiro. Os clientes adoram”, atesta.
Dia de Campo em Guapimirim
O Dia de campo da soja hortaliça realizado no dia 15 de março em Guapimirim foi divido em três estações. A primeira estação abordou a contribuição da soja BRS 267 para a sustentabilidade da agricultura familiar orgânica no Estado do Rio de Janeiro: “É o segundo mercado consumidor do país, multiplicador de hábitos alimentares e berço da agricultura familiar. A soja hortaliça tem se mostrado adequada para pequenas produções, artesanais, orgânicas, plantada em uma área livre de transgênicos como o nosso Estado”, afirma o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Fénelon do Nascimento Neto. Outra vantagem apontada pelo pesquisador é a sua adoção em circuitos curtos de comercialização, do campo à mesa do consumidor.
Na segunda estação, os participantes puderam avaliar a produção de soja hortaliça BRS 267 no campo. A pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Claudia Pozzi Jantalia, explicou como fazer o processo de co-inoculação das sementes com bactérias selecionadas no Brasil, para fixar o nitrogênio e estimular o crescimento das raízes das plantas. “O processo de simbiose entre planta bactéria É como uma fábrica natural de nitrogênio, promove um crescimento vegetal vigoroso, por fixar o nitrogênio do ar. Esse nutriente e fundamental para produção de proteína da leguminosa, o que ocorrera sem adição de fertilizantes”, conta a pesquisadora. A inoculação de bactérias para fixação de nitrogênio é uma prática já utilizada no Brasil há mais de duas décadas na produção de soja , com ganhos anuais da ordem de bilhões de reais para o agronegócio brasileiro. A ideia é trazer o modelo para o cultivo orgânico da soja hortaliça, e os testes iniciais realizados na região fluminense indicam bons resultados. “A soja BRS 267 tem sido bem resistente ao stress hídrico e outras características das regiões avaliadas, . E os benefícios da inoculação com bactérias também estão sendo verificados em pequenas produções orgânicas”, destaca Claudia.
A terceira estação do Dia de Campo abordou o preparo de edamame, da soja hortaliça, para o consumo. A pesquisadora Renata Torrezan orientou sobre os cuidados na retirada e seleção das vagens, e da correta lavagem e higienização. Já a pesquisadora Ilana Felberg falou sobre a necessidade de cozimento antes do consumo, do tempo e as formas de cozimento, e também orientou quanto ao resfriamento e uso de temperos para o consumo. Ao final, a soja hortaliça colhida no campo foi degustada e seu sabor aprovado pelos presentes.
O Secretário Municipal de Agricultura, Pecuária e Pesca do Município de Guapimirim, André Azeredo, esteve presente no evento e valorizou a nova cultivar. “Estamos de portas abertas para apoiar o plantio da soja hortaliça em nosso município. Vamos dar todo o suporte técnico para estimular o seu cultivo e comercialização em feiras de agricultores familiares”, declarou o secretário.
Fonte: Embrapa