Mesmo recuperando-se em relação aos quatro meses anteriores, as exportações brasileiras de ovos férteis destinados à produção de pintos de corte/frangos de dezembro de 2019 retrocederam 34% em relação ao mesmo mês do ano anterior: somaram apenas 13,2 milhões de unidades (cerca de 36.750 caixas), resultado significativamente menor que o registrado um ano antes, quando o volume exportado superou os 20 milhões de unidades.
O desempenho negativo pelo nono mês consecutivo fez com que o total anual, pouco superior a 176,7 milhões de unidades recuasse quase 18% em relação a 2018, ano em que o volume embarcado ficou próximo das 600 mil caixas, por ora recorde do setor.
É interessante observar que até o fechamento do primeiro semestre contava-se que esse recorde seria batido em 2019.Pois o período foi encerrado com uma expansão de 2,78% sobre o primeiro semestre de 2018.E, em termos semestrais, atingiu o maior volume da história: 110,1 milhões de unidades, o equivalente a 305,8 mil caixas de 30 dúzias.
Mas as quedas se aprofundaram na segunda metade do ano. E o segundo semestre foi encerrado com uma redução de 38% em relação ao mesmo semestre de 2018. Ou quase 40% a menos que no primeiro semestre de 2019. Ou, ainda, o menor volume semestral desde 2017.
Significativa, a queda não foi causada pela redução da procura externa e, sim, pela necessidade de atender a crescente (e até certo ponto inesperada) demanda interna. Anterior, mesmo, à forte reversão do mercado de carnes observada a partir do episódio de peste suína africana na Ásia.
Explicando: em decorrência das várias crises enfrentadas pela avicultura em 2016 (disponibilidade e custo das matérias-primas), 2017 e 2018 (Operação Carne Fraca e seus desdobramentos), o segmento produtor de pintos de corte (que, nos últimos tempos, vinha atendendo cerca de 20% da demanda interna do produto) perdeu parte de sua clientela, vendo-se forçado a focar com maior intensidade o mercado externo. Obteve grande sucesso, pois o volume exportado em 2018 – recorde que permanece no setor – foi quase 60% maior que o de 2016.
Esse recorde teria sido superado no ano passado não fosse o fato de – em função das mesmas crises acima citadas – a avicultura de corte ter entrado em 2019 com uma capacidade de produção significativamente menor que a do ano anterior, pois reduzira o alojamento de reprodutoras. Em decorrência, quando o mercado deu sua grande virada – já a partir de fevereiro – faltou o produto-base do frango: o pinto de um dia. Então, criou-se uma demanda que levou os exportadores a, novamente, dar preferência ao mercado interno. Daí a queda nas vendas externas.
Fonte: Avisite