As altas temperaturas que atingem o Amazonas têm sido insuficientes para contribuir com a vazante dos rios. Ao mesmo tempo, o calor excessivo prejudica os pastos existentes em terra-firme. Como resultado, o setor primário, especificamente o segmento da pecuária, amarga prejuízos com a queda de 30% na produção leiteira, o aumento de 50% do custo de produção e o crescimento da mortalidade de animais. As informações são da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea). A instituição pleiteia, junto ao governo do Estado, um programa de concessão de linha de crédito emergencial com o intuito de manter o sustento dos animais nos municípios.
O presidente da Faea, Muni Lourenço, explica que no período do verão os pecuaristas amazonenses enfrentam dois problemas. O primeiro, é a produção dependente das áreas de várzea, quando as pastagens são criadas no local que é atingido pela cheia dos rios. Ele explica que desde 2012 as cheias acontecem em níveis anormais e a terra fica submersa por mais tempo, portanto, impossibilitada de uso produtivo. Esse fator gera a falta de pasto.
O segundo agravante, segundo o presidente, é a ocorrência de mortalidade nos rebanhos. Lourenço revela que devido a lentidão da vazante alguns criadores, em situação de desespero por falta de uma opção de pasto aos animais, transferem os rebanhos para a área que ainda está alagada e como o gado ainda está fraco, por falta de alimentação, morre atolado no local.
Lourenço conta que recentemente presenciou essa situação no município de Manaquiri, mas afirma que o quadro também se repete em outras cidades como por exemplo, Careiro Castanho e Autazes.
- A situação fica mais grave porque temos uma produção muito dependente das áreas de várzea e nos últimos anos a vazante está mais lenta. Antigamente tínhamos seis meses de permanência na área de várzea, tempo que reduziu para três ou quatro meses – comenta Lourenço.
De acordo com Lourenço, até este mês é possível contabilizar uma queda na produção de leite estimada entre 20% e 30%, em comparação ao último ano, quando a produção foi de 20.175.000 litros, conforme o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam).
Porém, ao comparar os números de 2014 em relação a 2013, quando houve registro de 48.969.000 litros de leite, verifica-se a queda de 41% na produtividade. O Estado conta com 1,5 milhão de cabeças de gado e o município que tem a maior bacia leiteira é Autazes (distante 108 quilômetros), que tem um registro de 1,5 mil pecuaristas.
Locação de pastagem
Segundo Lourenço, outro fator que também onera o manejo com os animais é a locação de pastagens para o rebanho. Os criadores que têm pasto somente em área de várzea são obrigados a alugar pastagens em terra-firme que custam em média R$30 mensais, por animal. Na falta de pastos os produtores de leite ainda precisam arcar com o aumento de gastos com a alimentação do rebanho, comprando ração suplementar, cevada e casquinha de soja.
- É um momento difícil porque os animais e as vacas leiteiras emagrecem e há dificuldade na amamentação dos bezerros. Houve aumento no valor da casquinha de soja e ao final, contabilizamos os custos de produção em um acréscimo de 50% – comenta.
Busca por subsídio produtivo
Lourenço informa que na tentativa de ajudar aos criadores dos municípios, a Faea pleiteia junto ao Governo do Estado, por meio de órgãos como o Idam, a Sepror e a Afeam, a formulação de um projeto emergencial para financiar recursos aos pecuaristas. Segundo ele, o projeto será viabilizado por meio do Banco do Povo, com financiamentos para o trabalhador.
Segundo a assessoria de comunicação do Idam, o projeto ainda não foi definido. O órgão ainda adiantou que nesta semana tratará sobre o assunto juntamente aos demais órgãos envolvidos, ocasião em que a ideia será consolidada.
Fonte: Portal Amazônia