Após a disparada do dólar entre outubro e novembro ter aberto o apetite das usinas brasileiras para fixar os preços de exportação de açúcar da próxima safra (2020/21), em dezembro foi a valorização da commodity na bolsa de Nova York que estimulou as negociações. E a história pode se repetir neste mês, dado que os preços do adoçante iniciaram o ano com tendência de alta mais firme.
De acordo com levantamento da Archer Consulting, as usinas brasileiras fixaram o preço de exportação de 1,334 milhão de toneladas de açúcar para embarque na safra 2020/21 (que começa em abril) ao longo do mês de dezembro.
Com isso, a proporção de açúcar precificada antecipadamente encostou na média histórica, após meses de atraso. Até 31 de dezembro, 6,819 milhões de toneladas de açúcar tinham sido fixadas para a próxima temporada, o que representa 35% do volume a ser exportado – caso se assume que o Brasil exportará 19,5 milhões de toneladas em todo o ciclo 2020/21.
“Esse percentual está bastante alinhado com a média dos últimos cinco anos nesse período, que é de 35,3%”, afirmou Arnaldo Corrêa, sócio da Archer, em relatório.
E o preço médio das transações está ligeiramente melhor. Até o fim de dezembro, o valor médio das fixações para 2020/21 estava em 13,19 centavos de dólar a libra-peso (equivalente a R$ 1,244 por tonelada posto no porto de Santos). No ano passado, no mesmo período, o valor médio das fixações para 2019/20 era de 13,10 centavos de dólar por libra-peso (ou R$ 1,172 por tonelada em Santos), segundo a Archer.
A consultoria observou que, em dezembro, o dólar médio foi mais baixo do que aquele observado no mês anterior (R$ 4,1150, contra R$ 4,1566), mas o preço médio de fechamento do açúcar na bolsa de Nova York para os contratos de primeira posição (para entrega em março) superou o do mês de novembro (13,34 centavos de dólar por libra-peso ante 12,69 centavos de dólar por libra-peso).
A comercialização pode avançar mais em janeiro, já que, neste início de ano, tanto os preços do açúcar na bolsa estão em alta como o dólar segue apreciado. Ontem, os contratos mais negociados na bolsa, para março, fecharam a 13,71 centavos de dólar a libra-peso, com alta de 1,78%.
Os contratos para entrega em maio e outubro – época de safra no Centro-Sul – também subiram e fecharam em 13,76 e 14 centavos de dólar a libra-peso, respectivamente. No acumulado do ano, os papéis para março já subiram 4,4%, os de maio, 3,9%, e os de outubro, 2,9%.
Em relatório assinado pelo analista Kim Dahan, a trading Sucden avaliou que é seguro dizer que os futuros do adoçante começaram o ano de modo mais interessante do que terminaram 2019.
“Dada a recente movimentação dos preços, é difícil descartar novas altas.”
Fonte: Valor Econômico