Os custos de
produção da avicultura tiveram, de modo geral, uma leve melhora nos últimos
meses de 2019, mas o cenário ainda é de prejuízo na maior parte dos aviários do
Paraná. Essa é a conjuntura apontada pelo recente levantamento de custos de
produção da atividade promovido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. O trabalho
compreende informações repassadas pelos próprios produtores das principais
regiões produtoras – Campos Gerais, Norte, Oeste e Sudoeste -, referentes ao
mês de novembro.
O levantamento
sinaliza que, em relação à fotografia da avicultura tirada em junho, houve
reajustes pontuais nos repasses das indústrias aos produtores (veja o gráfico
com exemplos na página 16). Os aumentos, no entanto, não foram suficientes para
proporcionar um reequilíbrio à atividade. No caso do frango pesado, a situação
é um pouco melhor, com alguns produtores com pequenas margens e a maioria
conseguindo apenas cobrir os custos operacionais (leia na coluna na página 18).
No caso do griller (leve), em geral, a receita consegue defender apenas os
custos variáveis.
De acordo com o economista Luiz Eliezer Ferreira, do Departamento Técnico Econômico (DTE) da FAEP, há uma discrepância bastante grande entre as diferentes integradoras e modelos de produção. “Quando olhamos no detalhe, vemos que uma integradora consegue fazer mais lotes por ano e pagar quase R$ 0,20 a mais por frango, por exemplo. Além de diferenças significativas em outros índices, como o de mortalidade. Então, é impossível fazer uma análise no todo e apontar uma só tendência. É preciso considerar essas particularidades e comparar esses resultados”, recomenda.
Ferreira
alerta, no entanto, que é possível ver, em um plano um pouco mais amplo,
prejuízos maiores para quem atua com frango leve. “Em termos de custo, o
resultado do griller chama bastante atenção. Em geral, o produtor consegue
pagar apenas os custos variáveis, ou seja, apenas aquilo desembolsando no curto
prazo. Se a situação seguir assim, o produtor não vai poder se manter na
atividade no longo prazo. Para quem atua nesse segmento, será necessário traçar
estratégias diferentes para as negociações com as empresas para garantir a
viabilidade da produção”, avalia.
Aposta para 2020
Apesar dos
resultados não serem ainda positivos, a leve melhora constatada no fim do ano
significou um certo alento ao campo. O movimento faz os produtores seguirem com
esperanças de que 2020 será um ano melhor, aponta o presidente da Comissão
Técnica (CT) de Avicultura da FAEP, Carlos Bonfim. “Esperamos que com o possível
aumento do consumo interno de frango, com essa alta da carne bovina, e toda a
conjuntura favorável da proteína animal por conta da demanda chinesa, tenhamos
um ano melhor do que foi 2019”, torce.
O apetite
chinês foi voraz sobre as exportações em 2019, de acordo com a Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA). De janeiro a outubro, a China comprou
444,7 mil toneladas de carne de frango, aumento de 22% em relação ao mesmo
período de 2018. O volume representa mais de 13% de toda a carne de aves exportada
pelo Brasil no ano. Em termos financeiros, o comércio do produto em 2019 fez
entrar US$ 931,7 milhões no país, crescimento de 38% em relação aos dez
primeiros meses de 2018.
Na leitura de Bonfim, caso o aumento no preço no mercado interno se concretize e as exportações à China sigam embaladas, a expectativa é que no primeiro trimestre de 2020 deva ocorrer uma resposta mais firme em relação a reajustes nos repasses da indústria aos avicultores. “Esse levantamento de custos em mãos é algo primordial para sabermos como está região por região. Para negociarmos e exigirmos melhores condições de produção, temos que ter parâmetros, saber como as unidades estão trabalhando em cada local. Esses números servem de norte para as reuniões de Cadecs (veja quadro na página 18) ou mesmo para negociações diretas no caso das cooperativas”, avalia o presidente da CT.
Confira todos os detalhes e dados do levantamento dos custos de produção no Boletim Informativo.
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Fonte: Sistema FAEP