“Aqui é o local para você alinhar e encontrar as soluções para os nossos desafios”.
Essas foram as palavras iniciais do presidente da Associação Mato-Grossense do Algodão (AMPA) e do Instituto Mato-Grossense do Algodão, Alexandre Pedro Schenkel, na visita à Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), quinta-feira (31), para conhecer os resultados da parceria em Agricultura de Precisão.
Schenkel, agricultor em Campo Verde, e que também exerce os cargos de vice-presidente do Conselho Administrativo da Abrapa – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, presidente do IAS – Instituto Algodão Social e presidente do Conselho de Administração do IPA – Instituto Pensar Agro, destacou que os produtores do estado se identificam muito com as novas tecnologias, que têm um perfil mais desruptivo e gostam de inovações.
Com uma produção anual de 1,7 milhões de toneladas em uma área de 1,1 milhão de hectares, Mato Grosso produz dois terços do algodão brasileiro, a maior parte para exportação – até o início da década de 90 o Brasil era importador.
“A conexão entre o conhecimento produzido em nossos laboratórios com a prática dos produtores do Centro-Oeste está resultando em metodologias e recomendações para tornar o setor ainda mais competitivo, é uma parceria estratégica para ambos”, disse o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João Naime.
No Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre), ele conheceu os detalhes das pesquisas que envolvem fazendas em Sapezal – dos grupos Scheffer e Amaggi – e Rondonópolis – das Sementres Petrovina. O pesquisador Ricardo Inamasu, líder da Rede de Agricultura de Precisão, falou sobre o resultado obtido com as metodologias de uso de sensoriamento proximal e aéreo para identificar a variabilidade na área e administrar os fatores limitantes de produção.
Na terra e no ar
Os resultados do projeto de Agricultura de Precisão liderado pela Embrapa envolvem ainda a obtenção de parâmetros agronômicos por experimentação on-farm para subsidiar a aplicação de sementes e fertilizantes à taxa variável, além do mapeamento de áreas com sintomas de ocorrência de ataques de fitonematoides e sua correlação com atributos do solo e a produtividade do algodoeiro.
Os experimentos, que começaram há dois anos (em algumas áreas há menos tempo), incluem também protocolos de amostragem de solos (tema discutido em workshop da Rede AP), sensoriamento remoto, imagens aéreas, mapas de teores de matéria orgânica dos solos, e condutividade elétrica aparente dos solos para delineamento de unidades de gestão diferenciada (UGD) em áreas de produção, que foram explicados em detalhes pelos pesquisadores Carlos Vaz e Lúcio Jorge, da Embrapa Instrumentação e pelo analista Eduardo Speranza, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP).
A parceria contempla também, entre os resultados, a análise semiautomática de dados georreferenciados para extração de conhecimento e o auxílio à tomada de decisão em questões relacionadas à gestão da lavoura.
“O algodão tem uma característica de utilizar muita tecnologia em praticamente todos os seus processos”, lembrou o presidente da AMPA e do IMAmt, destacando que o uso de drone, por exemplo, pode auxiliar no monitoramento de pragas na lavoura.
A discussão sobre outras tecnologias com potencial para utilização na cotonicultura incluiu uma visita aos laboratórios de Óptica e Fotônica, Ressonância Magnética Nuclear e ao Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA), onde pesquisadores e empresas parceiras apresentaram soluções já no mercado ou em desenvolvimento que são aplicadas em outras cadeias produtivas.
“O que a gente viu hoje aqui brilha aos olhos, a inovação que nós precisamos no nosso campo, acompanhando a evolução e a eficiência que temos nas nossas lavouras, nas nossas propriedades. Com certeza, isso é uma referência na nossa tecnologia brasileira”, declarou Alexandre Schenkel, ao final do encontro.
Fonte: Embrapa