A Embrapa Acre tem investido na produção de material de divulgação dos procedimentos adequados para produção de farinha de mandioca, como parte das ações para manutenção da Indicação Geográfica conquistada pela Farinha de Cruzeiro do Sul, em 2017. Publicada recentemente, a cartilha “Boas Práticas de Fabricação de Farinha de Mandioca” tem como objetivo disponibilizar conhecimentos e orientar sobre os cuidados necessários nas diferentes etapas do processo, para garantir qualidade ao produto, um dos critérios para assegurar a continuidade do selo de IG.
A cartilha é fruto de pesquisas desenvolvidas em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Governo do Estado por meio da Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa). A impressão de dois mil exemplares foi viabilizada com recursos de emenda parlamentar alocados para a Unidade em 2018. O material será disponibilizado a agricultores familiares e técnicos da extensão rural, envolvidos com a produção de farinha, por ocasião de eventos de capacitação, e para gestores de instituições parceiras que apoiam e fomentam essa atividade produtiva.
Segundo a pesquisadora da Embrapa, Joana Souza, uma das editoras técnicas da publicação, por ser um alimento pronto para consumir, os cuidados higiênicos durante o processamento da farinha de mandioca devem ser redobrados. As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são procedimentos previstos pela legislação para assegurar as condições sanitárias adequadas no processo produtivo, visando garantir qualidade ao alimento que será disponibilizado para o mercado e saúde para o consumidor. A cartilha conta com uma versão, desde 2017, e com o formato impresso poderemos ampliar o seu acesso, especialmente por agricultores que moram em áreas mais distantes onde as tecnologias digitais ainda não chegam.
“Além de aspectos relacionados às etapas de produção, como o ponto ideal de tostagem para assegurar níveis reduzidos de umidade e evitar riscos de contaminação do produto, buscamos orientar sobre a limpeza da casa de farinha e de utensílios utilizados na farinhada, os cuidados com a higiene corporal e hábitos comportamentais dos manipuladores e a destinação adequada do lixo e resíduos da produção entre outros procedimentos essenciais para evitar riscos de contaminação”, explica.
Fortalecimento da IG
A produção de farinha de mandioca na região do Juruá contempla os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter. Produzido de forma artesanal, esse alimento ficou conhecido nacionalmente como Farinha de Cruzeiro do Sul. O modo de fazer, herdado de geração em geração, confere a essa farinha qualidade diferenciada, atestada pelo selo de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPE), na modalidade Indicação de Procedência (IP), há dois nos.
“A Indicação Geográfica é um reconhecimento oficial da região em que essa farinha é produzida e da forma particular de fabricação desse produto e oferece ao consumidor a certeza da sua qualidade e origem. Além disso, funciona como um diferencial de mercado, com benefícios também para os produtores que podem obter preços mais justos para a produção. Entretanto, para manutenção do selo de Indicação de Procedência é necessário o cumprimento de critérios rigorosos de higiene e qualidade na fabricação do produto. A cartilha busca informar sobre práticas recomendadas pela pesquisa, sensibilizar os agricultores familiares para a adoção e mostrar os benefícios da sua aplicação no processo de fabricação de farinha, incluindo o fortalecimento da IG do produto”, ressalta Joana Souza.
Fonte: Embrapa