Muito se fala
sobre o papel da escola na formação do cidadão. Mais do que o ensino de
competências técnicas, “a educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais”, de acordo com a definição da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). É neste contexto que o
Agrinho, desenvolvido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR há 24 anos, consolidou-se como
o maior programa de responsabilidade social da instituição e modelo de educação
e cidadania para a formação de novas gerações.
O Agrinho
promove uma atuação para além da estrutura tradicionalmente conhecida da sala
de aula, por meio de uma proposta pedagógica que tem como princípios
fundamentais a colaboração, a interdisciplinaridade, a transversalidade e a
pesquisa. Desta maneira, o programa incentiva o cumprimento da função social da
escola, como formadora de pessoas conscientes, críticas e capazes de
compreenderem o mundo em que estão inseridas.
Segundo a
idealizadora do Agrinho, Patrícia Lupion Torres, um dos objetivos do programa é
romper com a visão maniqueísta de educação baseada na diferença e parcialidade,
que divide os conteúdos em estruturas disciplinares individuais. “O Agrinho
propõe o debate sobre a complementaridade dos conceitos e relações,
frequentemente colocados como antagônicos. Trabalha-se a interdependência, a
compreensão do outro, a argumentação, a visão dialética e a superação das
dicotomias existentes nas mais diversas temáticas”, explica.
Ao longo dos
anos, o Agrinho passou por reformulações de modo a ampliar sua abrangência e
acompanhar as inovações da sociedade contemporânea, bem como aperfeiçoar as metodologias
apresentadas. Em meio às atualizações, os temas transversais, dentro da
perspectiva da transdisciplinaridade, continuam sendo o alicerce do programa.
Essa proposta foi baseada na concepção dos temas transversais dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC),
acompanhando a reestruturação do sistema de ensino que coloca a cidadania como
princípio norteador da aprendizagem.
Além disso, a
base da proposta metodológica do Agrinho também inclui a pesquisa como prática
educacional e a promoção de uma aprendizagem em molde colaborativo por meio de
atividades programadas e interativas, conhecido como Laboratório On Line de
Aprendizagem (LOLA). O método foi desenvolvido pela idealizadora do Agrinho em
sua tese de doutorado em 2002 e, então, implementado no programa (entenda mais
sobre os temas transversais e as atividades pedagógicas na página 12).
Crescimento vertiginoso
A proposta da
transversalidade aliada às disciplinas convencionais sempre fez parte da
estrutura do Agrinho. No entanto, quando o programa começou a ser desenvolvido,
em 1995, a principal temática era o meio ambiente. Isso se deu pelo contexto da
época, em que se buscava conscientizar a população do meio rural em relação ao
problema de contaminação por agroquímicos. Nesse sentido, o Agrinho ocupou um
papel essencial na disseminação de conhecimento para um setor que, há duas
décadas, ainda era fortemente marcado por dificuldades de acesso à informação.
A partir daí,
o programa cresceu rápido. No ano seguinte, temas relacionados à saúde foram
incluídos na estrutura pedagógica. Em 1998, os demais temas transversais
propostos nos PCNs. Quatro anos depois, em 2002, o método LOLA. Neste cenário
de mudanças, o Agrinho abriu as portas para além do meio rural. Ao ser
implementado no meio urbano, o programa deu berço ao famoso conceito de conexão
entre campo e cidade. Atualmente, está presente em todos os 399 municípios do
Paraná.
Tal percepção
vai ao encontro do objetivo definido pela idealizadora do programa, de romper
com a visão de dualidade entre os meios urbano e rural, trabalhando a
interdependência e complementaridade dos espaços. “O Agrinho traz temáticas que
dizem respeito ao cotidiano e, portanto, relacionados a pessoas, onde quer que
elas estejam. Quer dizer, não existe essa separação entre pessoas da cidade e
pessoas do campo, no sentido de perceber a diversidade como a grande riqueza”,
ressalta a professora e pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR),
Araci Asinelli da Luz.
Falar em construção da cidadania no contexto pedagógico aponta para o processo de reconhecimento de uma consciência crítica sobre o significado de ser cidadão. Ou seja, todos são reconhecidos como cidadãos, com direitos e deveres fundamentados em lei, mas é por meio da educação que se dá o processo formativo da cidadania ativa. Esse é um dos elementos do Programa Agrinho. “O acesso à escola é um direito assegurado e relacionado à condição de cidadania. O Agrinho tem em vista desenvolver o cidadão de maneira a torná-lo um sujeito ativo e atuante”, define Araci.
Leia a matéria completa no Boletim Informativo.
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Fonte: Sistema FAEP