A Embrapa Agroenergia, unidade que integra a rede EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), assinou na última quinta-feira (11), contrato para desenvolver variedades de cana-de-açúcar resistentes ao bicudo-da-cana (Sphenophorus levis), larva de besouro considerada uma das principais pragas deste cultivo.
A parceria foi firmada com a startup Pangeia Biotech durante o “Seminário Pesquisas com cana-de-açúcar na Embrapa Agroenergia”, evento que reuniu gestores públicos, pesquisadores e parlamentares para debater inovações e desafios no setor sucroenergético.
Para chegar a este produto, inédito no mercado, foram selecionados quatros genes, três deles comumente usados na cultura de milho no Brasil, que agora serão adaptados para a cana. Os pesquisadores já iniciaram os procedimentos com alguns destes genes em laboratório e os resultados foram promissores. O projeto tem custo de R$ 300 mil (R$ 100 mil financiados pela EMBRAPII) e previsão de conclusão de 2 anos.
Este tipo de praga é de difícil combate e pode causar prejuízos equivalente a R$ 1 bilhão por safra, além de reduzir a longevidade dos canaviais, os quais muitas vezes não passam do segundo corte.
“A adoção de produtos químicos para prevenir o bicudo-de-cana é pouco eficiente porque ele se aloja na raiz da planta, o que dificulta a ação do químico. A estratégia de engenharia genética é analisar e verificar a viabilidade técnica de seu uso no desenvolvimento de novas variedades de cana com interesse comercial”, conta Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto.
Financiamento EMBRAPII
A Empresa mantém contrato de gestão com o Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e Ministério da Educação (MEC) e atua por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas, tendo como foco as demandas empresariais.
“Este é o segundo projeto que apoiamos desta startup. O primeiro, na reta final, tem como objetivo combater a broca (da cana). Agora, estamos atuando no enfrentamento do bicudo-da-cana e já há um terceiro projeto para os problemas da seca. São propostas de aprimoramento genético para aumentar a resistência das plantas e a produtividade da cana, um importante produto do agronegócio brasileiro”, destacou Carlos Eduardo Pereira, diretor de operações da EMBRAPII.
O financiamento da instituição obedece a seguinte regra geral: a EMBRAPII pode investir até 1/3 das despesas das Unidades com projetos de PD&I (recursos não-reembolsáveis), enquanto o restante é dividido entre a empresa parceira e a Unidade. Ao compartilhar riscos de projetos com as entidades (por meio da divisão dos custos do projeto), estimula-se o setor industrial a inovar mais e com maior intensidade tecnológica para, assim, potencializar a força competitiva das empresas no mercado interno e internacional.
Fonte: DATAGRO