Membros de 11 famílias de cooperados da Agrária, de Guarapuava, no Centro-Sul do Paraná, discutiram uma questão indispensável à longevidade das empresas rurais: a sucessão familiar de bens e propriedades. Os produtores e familiares frequentaram o programa Herdeiros do Campo, desenvolvido pelo SENAR-PR, para despertar nos participantes a importância de se decidir pela transição dos negócios rurais. A iniciativa foi realizada por uma parceria direta com a própria cooperativa.
Todos os participantes são cooperados, que vivem em Entre Rios, distrito de Guarapuava, em que predominam imigrantes europeus, cujos pioneiros chegaram à região na década de 1950. Os ascendentes são provenientes de países banhados pelo rio Danúbio – como Alemanha, Sérvia, Croácia e Hungria – e, aqui no Paraná, fundaram a Agrária. Hoje, a cooperativa tem 650 cooperados, 1,5 mil colaboradores e faturamento anual de R$ 2,8 bilhões.
Ao longo de cinco encontros – que totalizaram 50 horas –, os alunos do Herdeiros do Campo se debruçaram sobre temas, como “sucessão e governança rural”, “visão estratégica da empresa rural” e “mediação de conflitos e construção da confiança”. Após as discussões, cada núcleo familiar teve duas horas de orientação em particular, com vistas a elaborar um plano de ação específico para conduzir a sucessão dos negócios familiares.
Esta foi a primeira oportunidade em que o programa foi realizado especificamente para cooperados da Agrária. Diante dos resultados, a cooperativa já pensa em formar novas turmas. As famílias que acabaram de participar do Herdeiros do Campo devem atuar como uma espécie de divulgadoras, contando a experiência que tiveram nos encontros.
“Nós sabemos da importância deste tema e vimos a necessidade de compartilhar isso com nosso cooperado, para eles discutirem mais a sucessão, para saberem o que deve ser feito para que a transição ocorra da melhor forma”, disse o vice-presidente da Agrária, Manfred Majowski. “Tive oportunidade de falar com três dos cooperados que fizeram o curso, que ficaram bastante satisfeitos. Vamos divulgar para que tenhamos mais grupos. Este foi só o primeiro”, acrescentou.
Exemplo
Para a família Stock, por exemplo, o Herdeiros do Campo representou a oportunidade de dar início às discussões do processo de continuidade de suas empresas. Focados na produção de grãos, as quatro fazendas do clã são conduzidas pelo patriarca Ernesto Stock, de 54 anos, que começou a olhar para a sucessão com outros olhos. Uma das filhas, a pedagoga Tábata Stock já começou a participar dos empreendimentos: há cinco anos é ela quem cuida dos recursos humanos.
Em 2017, uma das propriedades da família foi reconhecida pela revista Globo Rural como a fazenda mais sustentável do Brasil. Ganhou até prêmio. Além de começar a pensar no processo de sucessão, o programa auxiliou os Stock a pensarem seu próximo passo: organizar uma holding familiar. “A partir das informações e das discussões propiciadas pelo programa, a gente consegue traçar um plano de ação e começar a nossa jornada bem específica. Tirou muitas dúvidas que tínhamos. Agora nós sabemos por onde começar e o de que forma temos que nos preparar”, disse Tábata.
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Fonte: Sistema FAEP