Produção de grãos da safra paranaense 2018/2019 deverá chegar a 37,6 milhões de toneladas, segundo relatório mensal divulgado nesta terça-feira (18) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Esse volume é 6% maior na comparação com a safra 2017/2018 e representa um acréscimo de 467 mil toneladas à estimativa do mês de maio, impulsionado pela produção de milho, que tem apresentado um ciclo satisfatório no Estado. A área plantada deve somar 9,8 milhões de hectares, 1% a mais do que na safra anterior.
O avanço da colheita, especialmente do milho safrinha, que já ultrapassa 20% da área de 2,24 milhões de hectares, mostra um ganho de produtividade. “A produção de milho de segunda safra pode chegar a 13,5 milhões de toneladas, cerca de 400 mil a mais do previsto na estimativa anterior”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.
Outro indicador é a produção do feijão de segunda safra, que deve ser 30% maior do que no ano passado e está com a colheita quase encerrada, em 96%. Assim, os preços voltaram aos padrões normais para o consumidor.
Na reavaliação das estimativas, com a colheita da soja encerrada, confirmou-se uma redução de 15% na produção em relação ao ano passado, decorrente do clima adverso. O relatório do Deral registra perda de mais de 3,2 milhões de toneladas entre a estimativa inicial e a final.
Quanto ao trigo, confirmou-se redução de área de 9%. “De qualquer forma, nossa previsão de safra tende a ser 15% maior do que no ano passado, quando colhemos 2,8 milhões de toneladas. Neste ano, vamos passar pra 3,2 milhões se o clima ajudar e tivermos boas práticas de manejo no campo”, afirma o chefe do Deral.
Na avaliação do secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, apesar de alguns prejuízos, o Estado terá uma safra significativa. “Na estimativa total de produção de grãos, são mais de 2,2 milhões de toneladas na comparação com o ano passado, o que mantém o Paraná como vice-líder na produção nacional”, disse. Segundo ele, esse dado foi reforçado também pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou a estimativa da safra brasileira no dia 11, indicando uma possível segunda safra histórica, com melhor produtividade também em outros estados.
FEIJÃO – No cenário nacional, a estimativa total de produção de feijão é de 3,71 milhões toneladas. Cerca de 23% desse volume corresponde à terceira safra, significativa principalmente nos estados do Mato Grosso e Goiás.
A Bahia, que também tem, historicamente, uma terceira safra representativa, neste ano terá problemas com a falta de chuva, que já prejudicou mais de 50% da terceira safra.
Do total da produção nacional, cerca de 62% correspondem ao feijão cores, 21% ao feijão caupi e 17% ao feijão preto. Avalia-se que oferta e consumo estão equilibrados e o Brasil terá abastecimento normal ao longo do ano.
O Paraná plantou neste ano 231 mil hectares de feijão, 8% a mais na comparação com o ano passado, quando a área foi de 212,8 mil hectares. Os bons preços registrados no primeiro trimestre de 2019 explicam o aumento, segundo o economista do Deral, Methodio Groxko.
No início da safra, o Deral previa a produção de 442 mil toneladas de feijão. Agora, os ajustes indicam manutenção da área plantada, mas redução na produção. “A safra vinha com bons resultados, mas com as chuvas contínuas nas regiões de Francisco Beltrão e Pato Branco há algumas semanas tivemos perda de 18%, totalizando 80 mil toneladas”, explica Groxko. Agora, a expectativa de produção é de 361,8 mil toneladas. O feijão de segunda safra está 96% colhido e 53% das lavouras estão em boas condições, 32% em condições médias, e 15% ruins.
Os preços no Paraná ainda estão baixos. Na última semana, o feijão preto foi cotado a aproximadamente R$ 116,00 e o feijão cores a R$ 119,00 a saca de 60 kg. No entanto, os valores indicam uma boa rentabilidade. O feijão cores está com rentabilidade líquida de 53% sobre o custo variável e 6% sobre o custo total. Quanto ao feijão preto, esses índices são de, respectivamente, 74% e 5,4%. A expectativa é que os mpreços se mantenham, com possibilidade de aumento a partir do agosto, com reduções previstas para a terceira safra. Ainda assim, o abastecimento paranaense não deve ser comprometido.
MILHO SEGUNDA SAFRA – A safra paranaense tem boas expectativas para a produção de milho, principalmente na região Oeste. Na comparação com a estimativa do mês passado, o ganho foi de aproximadamente 400 mil toneladas, somando agora 13,5 milhões de toneladas para esta safra, 47% maior do que na safra 17/18. A primeira e a segunda safra totalizam expectativa de produção de 16,5 milhões de toneladas, aproximando-se do recorde paranaense, que foi de 17 milhões na safra 16/17.
Com as boas condições do clima, estima-se que ocorra um avanço significativo nos próximos 20 dias. “Não há grandes indicativos de chuva e a umidade está baixa. Provavelmente chegaremos a um terço de colheita até o fim do mês. Geralmente, a colheita atinge cerca de 10% neste mesmo período. Cascavel e Toledo devem avançar de forma mais significativa”, analisa o técnico Edmar Gervásio.
Os preços do milho reagiram na última semana e chegaram aos valores próximos da safra anterior. Hoje, o preço recebido pelo produtor está próximo de R$ 29,00 a saca de 60 kg. “Isso é reflexo das condições do mercado norte-americano. Lá, o excesso de chuva impediu o plantio de mais de um milhão de hectares”, explica Gervásio. Segundo ele, com o plantio americano, que deve estar mais definido nos próximos 15 dias, a tendência é de estabilização nos preços.
SOJA – A produção de soja atingiu 16,2 milhões de toneladas, representando cerca de 17% de quebra, decorrente da seca e clima quente registrados do início da safra. Segundo o Deral, 63% da produção está comercializada, um pouco abaixo da média dos últimos 3 anos, de 66%.
No mesmo período do ano passado, a comercialização chegou a 68%. “O produtor está optando por segurar as vendas agora, na expectativa de que os preços aumentem”, diz o economista do Deral, Marcelo Garrido. Fatores como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, o atraso no plantio norte-americano e as variações do dólar estão afetando os preços. No mercado interno, a instabilidade da política brasileira reflete diretamente no dólar, um indicador decisivo para a exportação.
Os preços da soja estão próximos a R$ 70,00 a saca de 60 kg. No ano passado, foi comercializada por R$ 72,00. “O produtor já está olhando para a próxima safra e acompanhando a questão da safra americana”, afirma Garrido. Segundo ele, provavelmente na safra 19/20 o Brasil pode ter produção maior que a dos EUA, pois as chuvas estão dificultando o plantio. A partir de julho, será possível apontar tendências mais concretas sobre os impactos da safra americana na produção brasileira.
No dia 10 de junho, o Paraná iniciou o vazio sanitário da soja, que segue até 10 de setembro.
TRIGO – A estimativa de área do trigo mantém-se em 1 milhão de hectares, mas é 9% menor do que na safra passada. Apesar de o plantio ter sido praticamente paralisado com os dias chuvosos das semanas anteriores, agora avança e atinge 87% da área.
O período seco depois as chuvas intensas no Paraná contribuiu para esse resultado, favorecendo a entrada das máquinas a campo. As condições das lavouras plantadas estão 95% boas e 5% médias. No mesmo período do ano passado, os índices eram de, respectivamente, 79% e 17%. A expectativa de produção é de 3,2 milhões de toneladas, 15% a mais do que na safra anterior.
O destaque negativo do atual relatório está nas áreas mais secas do Norte Pioneiro, região que tradicionalmente tem problemas com a falta de umidade. “Estamos com 3% da área em floração e, com isso, mais suscetíveis a geadas”, afirma o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Winckler Godinho. “A partir de agora, começa um período mais crítico para o trigo, quando necessita de um pouco mais de água e não sofrer com geadas fortes nas regiões que estão entrando em florescimento”, acrescenta.
Apesar de começar a safra com valores melhores do que em 2018, agora o preço do trigo no Paraná estabilizou na comparação com o ano passado, e a saca de 60 kg é comercializada por R$ 46,00.
CEVADA – A cevada tem 34% da área plantada, o dobro na comparação com o mesmo período do ano passado. Do total de 58 mil hectares, 20 mil estão colhidos. A área é 4% maior do que no ano passado, quando foi de 55,6 mil hectares.
A região de Ponta Grossa, segunda maior produtora, já plantou 70% da área. Guarapuava, que lidera a produção no Paraná, está com 20% da área plantada e tem 50% da produção comercializada, de acordo com engenheiro agrônomo do Deral, Rogério Nogueira. A estimativa cresceu 20% em relação à safra passada, atingindo 264 mil toneladas.
Fonte: AE Notícias
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