A pesquisa agropecuária recomenda a prática do húmus, uma alternativa ambiental e agroecológica, capaz de ajudar a reciclar nutrientes nas propriedades rurais. O húmus é tecnica e economicamente viável e o seu método de utilização depende da mão de obra do produtor e da dinâmica de produção de resíduos na propriedade. Na Semana dos Alimentos Orgânicos e da chegada do Junho Ambiental, nada melhor que indicar práticas que tragam mais benefícios para o solo.
O húmus possui características físicas, químicas e biológicas que nutrem o solo. Isso ocorre, porque ele possui uma grande gama de compostos como enzimas e microorganismos que são conhecidos como “componentes não nutricionais do húmus. Em geral, quando se fala em húmus de minhoca as pessoas associam esse processo a basicamente a um fertilizante natural, e de fato, o húmus de minhoca possui um gama de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio. Porém, a quantidade desses nutrientes, que estão presentes no húmus, é relativamente baixa quando comparada com adubos minerais.
O pesquisador Gustavo Schiedeck explica que quando as pessoas utilizam o húmus de minhoca na sua horta ou no seu pomar, mesmo com quantidades pequenas de nutrientes, as plantas respondem positivamente. Isso acontece porque o húmus de minhoca é rico em propriedades conhecidas como “componentes não nutricionais do húmus”. Esses componentes são compostos orgânicos e de hormônios vegetais, como microorganismos e enzimas, que estão presentes nesses materiais e que compensam o menor teor de nutrientes. Segundo ele, as evidências científicas apontam que muito mais importantes que os nutrientes são justamente essas substâncias, esses hormônios e microrganismos que estão presentes no húmus.
“São elas que vão fazer o diferencial e o grande efeito positivo que o húmus traz para a horta e para o pomar”, diz o pesquisador.
A atividade biológica presente em espaços, que utilizam o húmus, ajudam a reduzir os problemas fitossanitários que podem ocorrer em sistemas de produção tradicionais como doenças.
“Por que quando se fomenta a presença e a diversificação de organismos no solo as chances de um organismo patogênico prosperar nesse ambiente se torna muito menor; então, quando são adicionados elementos biológicos no processo de produção ocorre uma dinâmica similar a que ocorre na natureza”, explica Schiedeck.
O húmus ainda é tecnicamente e economicamente viável e o seu método de utilização é inclusivo, uma vez que depende da demanda e da mão de obra disponível pelo produtor. Segundo o pesquisador, se não há muita mão de obra disponível, o recomendado é que se estimule a presença de minhocas e organismos do solo, através da presença de matéria orgânica, para que elas de forma natural desenvolvam um trabalho muito parecido com o que acontece no minhocário.
“Já há um pouco mais de disponibilidade de mão de obra e acúmulo de matéria orgânica na propriedade, o produtor pode produzir o húmus em um minhocário, e ao invés de utilizá-lo como um fertilizante tradicional, pode utilizá-lo na fertirrigação, em quantidades menores. Essa prática é possível, pois os elementos não nutricionais do húmus ainda vão estar presentes nessa substância. O pesquisador explica os benefícios dessa utilização, “Então, ao invés de utilizar 1k X m2 de húmus, que seria uma quantidade gigantesca para um hectare de horta, por exemplo, com essa prática poderia ser utilizado um terço dessa quantidade de forma líquida sendo pulverizada em cima da biomassa do solo”, diz o pesquisador.
Entenda como o húmus é produzido
O húmus de minhoca pode ser produzido de sob dois aspectos. O mais conhecido é quando o produtor recolhe os resíduos de sua propriedade e produz o húmus em minhocários, e depois esse material é colocado na a área de cultivo para ser utilizado. A outra perspectiva para a produção de húmus pode ser realizada ao estimular à presença de minhoca, através da criação de um ambiente, onde elas possam vir naturalmente. E a partir da matéria orgânica incorporada no ambiente as minhocas produzir o húmus no local. Gustavo Schiedeck explica que esses processos não são excludentes e se pode trabalhar no campo com essas duas estratégias de produção, tanto com minhocários, como estimulando a presença de minhoca nessas áreas, colocando matéria orgânica através da adubação verde.
“A adubação verde é importante porque as plantas necessitam de nutrientes, que são encontrados através dos processos biológicos de fixação de nitrogênio e de matéria seca incorporada no solo, via adubação verde, através de materiais como ervilhaca e aveia.
Já o húmus líquido é obtido pela mistura de húmus sólido e água. Sua produção é fácil, tem baixo custo e requer pouca mão-de-obra. Além disso, possui uma composição rica em nutrientes e ácidos orgânicos que estimulam o crescimento das plantas, bem como, microorganismos que auxiliam o equilíbrio biológico do solo. Para preparar o húmus líquido, usa-se a proporção de 1:10, ou seja, onde 1 kg de húmus é misturado em 10 litros de água.
Fonte: Embrapa