A aviação agrícola tem se mostrado uma importante ferramenta de manejo das lavouras, principalmente em função da rapidez e precisão com que realiza a aplicação de defensivos no combate pragas e doenças. A prova aparece nos números. O Brasil, dono da segunda maior frota de aeronaves agrícolas do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, soma 2.190 aeronaves, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em ralação a 2018. A tecnologia, utilizada em território brasileiro há mais de 70 anos, vem mostrando eficiência na defesa das lavouras, além de ser uma ferramenta precisa e segura.
Um dos componentes mais importantes para garantir o sucesso do uso dessa tecnologia é a regulamentação da atividade. A aviação agrícola segue determinações próprias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do Decreto-Lei 917, de setembro de 1969, Decreto 86.765, de dezembro de 1981, e pelas Instruções Normativas (IN) 2, de janeiro de 2008, e 15, de maio de 2016. A legislação estabelece uma série de obrigações, cujo princípio se baseia na profissionalização da atividade. Ou seja, a pulverização aérea só pode ser conduzida por profissionais certificados e, atualmente, cada operador aeroagrícola precisa obedecer a pelo menos 20 normas e regulamentos para poder operar.
Esse conjunto de características – profissionalização, rapidez, precisão e efetividade – tornou a aviação agrícola uma tecnologia cada vez mais procurada pelos produtores, principalmente pelo custo-benefício na defesa da lavoura. No Paraná, segundo informações do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), 134 aeronaves agrícolas operam, montante que coloca o Estado na quinta posição no ranking nacional da atividade. Ainda, são 24 empresas aeroagrícolas e 25 operadores privados.
Produtividade na lavoura
A aplicação aérea leva vantagem, principalmente, pela rapidez do serviço. Isso porque, na defesa da lavoura, o tempo é importante aliado. Quanto mais demorar a aplicação do produto no combate a determinada praga, há mais chances de perda na produção. “A aplicação com máquina terrestre é muito demorada. O que eu faria em dois dias com a terrestre, a aérea faz em uma hora. Se demorar com o trator, o tempo que a praga ficou ali dá mais prejuízo que o custo com avião”, afirma o produtor Samuel Ramilde, de Santa Isabel do Ivaí, na região Noroeste do Paraná.
A propriedade de Ramilde possui mil hectares destinados ao plantio de arroz irrigado. E, apesar de o custo da pulverização aérea ser maior do que via terrestre, o produtor garante que vale a pena. “Eu gasto mais, mas a viabilidade é maior. Para mim, é inviável plantar sem aviação”, justifica.
O arroz é uma cultura que exige aplicação aérea de defensivos, devido às dificuldades de acesso com o trator nas áreas de plantio. A altura da planta e o alagamento do local de cultivo tornam a aplicação terrestre impraticável, por conta dos danos à cultura. A pulverização terrestre causa amassamento da cultura pelos rodados do equipamento, o que resulta em perda de produtividade.
Soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, laranja e algodão são também exemplos de culturas que sofrem o mesmo problema, o amassamento da pulverização terrestre. Além disso, a aplicação aérea também evita a compactação do solo e a disseminação de doenças e de nematoides. Segundo o produtor Vitor Breier, a aplicação aérea garante mais produtividade aos 80 hectares destinados ao milho em Palotina, na região Oeste. “O avião é mais vantajoso, mais rápido. Quando o milho está alto, é difícil entrar com o trator, além de ser mais demorado. Se dá uma lagarta na hora que está soltando o pendão do milho, a pulverização tem que ser por avião”, aponta. Ainda segundo Breier, mesmo o autopropelido, pulverizador terrestre mais eficiente, deixa rastros de amassamento que não compensam a perda.
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Fonte: Sistema FAEP