Ninguém discute a vocação e a pujança de Mato Grosso na produção de grãos, fibras e proteína animal, especialmente, a bovina. Nessas três frentes, o Estado lidera, e com folga, a oferta nacional e há anos vem contribuindo com a balança comercial nacional. Em 2015, a força do agronegócio, muito conhecida pelos mato-grossenses e pelo Centro-Oeste de modo geral, começa e ser percebida e reconhecida pelo país. Hoje o Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas internamente, tem apenas um setor de destaque, ou seja, com performance positiva: o agronegócio. O segmento é único em expansão. Fechou o primeiro semestre do ano com crescimento de 3%, na comparação com igual período do ano passado, enquanto que o índice nacional contraiu 2,1% no mesmo intervalo.
Conforme dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE, além do PIB nacional, fecharam no negativo os indicadores da indústria (-4,1%), serviços (-1,3%), formação bruta de capital fixo (-9,8%), consumo das famílias (-1,8%) e consumo do governo (-1,3%).
Como destaca o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, se a boa performance do agronegócio se deve à produção recorde do país, então Mato Grosso é protagonista dessa evolução.
- Nosso Estado não mais importante somente para o saldo da balança comercial brasileira. Agora está sustentando o PIB. A queda do PIB só não foi maior graças ao campo – frisa.
O presidente da Câmara Setorial da Soja no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e diretor Consultivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira, frisa que Mato Grosso sozinho está ofertando 25% da produção recorde do país.
- O Estado a cada ano supera seus próprios recordes e amplia também sua participação no comércio exterior na venda de carnes – disse ele.
A produção agrícola estadual na safra 2014/15 somará mais de 51,20 milhões de toneladas, conforme projeção mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além de bater mais uma vez o próprio recorde de produção, os números de Mato Grosso, especialmente os que estão sendo contabilizados a partir da colheita do milho segunda safra, estão alicerçando o recorde nacional, estimado em mais de 208 milhões de toneladas, volume também inédito.
Na comparação anual há uma adição de cerca de 3,5 milhões de toneladas, já que na safra 2013/14 foram colhidas 47,70 milhões t. Em percentuais, a expansão atinge 7,3%. A exemplo do registrado no levantamento anterior da Conab, o milho foi novamente a única commodity mato-grossense a ter sua produção revisada positivamente. O cereal deverá fechar o ciclo com mais de 19,80 milhões de toneladas, um acrescimento de 12,4% sobre a produção anterior de 18,40 milhões t. Para as outras duas importantes culturas do Estado, que também auferem a Mato Grosso título de maior produtor do país, a soja e o algodão, as projeções dos últimos levantamentos foram mantidas e somam 28,13 milhões t e 865,5 mil t, respectivamente.
Como frisa Rui da Famato,
- O Brasil não cresce. A balança comercial está deficitária e o PIB negativo. O único segmento que segue contribuindo para economia é o agronegócio e agora, pelo resultado desse indicador, o Brasil e o governo federal podem ver que aqui o país dá certo, mesmo com todas as adversidades que enfrentamos. Espero que a retomada da economia se dê pelo agro – falou.
Ele lamentou ainda que apesar da importância do setor como atividade econômica, geradora de emprego, renda e divisas, faltem investimentos da União para tornar o Estado competitivo em armazenagem e infraestrutura.
Nesse sentido, Glauber Silveira destaca que o Estado tem potencial para crescer mais e contribuir muito mais para com a economia nacional, no entanto esbarra em entraves logísticos. Ele reforça dizendo que se o Estado tivesse atenção mínima que requer para ao menor escoar a produção de maneira mais eficaz e de forma menos dispendiosa, o PIB poderia, por exemplo, ter apresentado um número diferente do que o IBGE acabou de divulgar, ou, o cenário macroeconômico poderia emanar menos incertezas.
Futuro
Apesar de orgulhoso em falar sobre a performance positiva do segmento, Rui Prado teme que para 2016 o agronegócio mato-grossense possa perder sua força, sendo contaminado pelo quadro atual da economia nacional e contaminando, por sua vez, o resultado final da safra 2015/16 do país.
- Todos os problemas de inflação, alta de juros, valorização do dólar, e as incertezas em relação ao que ainda vem pela frente estão impactando na tomada de decisão do produtor para o novo ciclo e mexendo com o mercado. O financiamento está mais caro, o crédito escasso, o custo de produção subiu e isso pode levar a uma retração de área plantada ou menos a uma economia de insumos que vão reduzir a produtividade. E se a economia seguir em marcha lenta em 2016 o setor vai continuar ‘plantando’ esses problemas – falou.
Fonte: Diário de Cuiabá