O mix de produção entre açúcar e etanol na safra de cana 2019/20 no centro-sul do Brasil pode ser semelhante ao do ciclo anterior, dependendo do volume de matéria-prima a ser processada pelas usinas no principal polo canavieiro do mundo, disse à Reuters um represente da associação da indústria Unica.
Diversas consultorias e entidade vêm apontando que o setor no centro-sul alocará, percentualmente, uma parcela maior de cana para fabricação do adoçante, tendo em vista um cenário de preços internacionais mais firmes no segundo semestre em razão de um provável déficit na oferta global.
Na avaliação do diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, as usinas devem mesmo fabricar entre 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas a mais de açúcar na temporada vigente, iniciada neste mês, segundo o que aponta o mercado.
Só que uma eventual expansão na moagem faria com que o mix pouco se alterasse ante 2018/19, quando 35,2 por cento do total de cana foi para a produção de açúcar.
“O resultado do mix pode ser o mesmo da última safra, dependendo da oferta de cana. Se a oferta de cana ficar na mesma faixa do último ano, de 573 milhões de toneladas, e se produzindo de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas a mais de açúcar, o mix vai sair de em torno de 35 para até 37 por cento para açúcar. Mas se houver incremento na oferta de cana, o mix deve se manter em 35 por cento”, explicou ele.
Uma maior oferta de cana permitiria que o setor elevasse a produção de açúcar sem comprometer a fabricação de etanol.
A Unica não tem projeções oficiais para a safra corrente.
Entretanto, há quem preveja um aumento no total de cana moída em 2019/20, como a Copersucar, que vê processamento de até 590 milhões de toneladas na temporada.
Na média de pesquisa da Reuters com outros agentes, incluindo a Copersucar, o esmagamento foi previsto em 572,4 milhões de toneladas em 22 de março, com produções de 28,36 milhões de toneladas de açúcar e 29,29 bilhões de litros de etanol.
DIESEL
Segundo Rodrigues, a recente polêmica sobre o preço do diesel, que envolveu o próprio presidente Jair Bolsonaro, não deve levar o setor a alterar sua programação de açúcar e etanol na safra.
“No primeiro momento, sim, houve uma preocupação dessa intervenção… Me parece que esse tema já foi corrigido e que não haverá nenhuma intervenção no preço da gasolina… Mas agora vamos esperar para ver se se manterá no futuro”, afirmou.
A polêmica relembrou a ação de governos anteriores, que seguravam as cotações dos combustíveis para controlar a inflação, em uma medida que prejudicava a competitividade do etanol nos postos e, consequentemente, a saúde financeira das usinas.
Fonte: Reuters