Os conflitos e a insegurança foram responsáveis pela situação de desespero enfrentada por 74 milhões de pessoas, ou dois terços dos afetados, no ano passado, disse a Rede Global contra Crises Alimentares em seu relatório anual.
Entre os membros da Rede estão o Programa Mundial de Alimentos, da ONU, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a União Europeia .
O estudo analisa 53 países usando uma escala de cinco fases, na qual a terceira é classificada como crise, a quarta como emergência e a quinta como surto de fome/catástrofe.
Luca Russo, analista sênior de crises alimentares da FAO, alertou que milhões mais correm o risco de chegarem ao nível três e além.
“As 113 milhões são o que chamamos de ponta do iceberg. Se você olhar os números mais abaixo, há pessoas que não sofrem de insegurança alimentar, mas que estão próximas”, disse Russo à Thomson Reuters Foundation.
Estas pessoas, que somam outras 143 milhões, estão “tão frágeis que só é preciso um pouco de seca” para entrarem em uma crise alimentar, disse.
“A menos que trabalhemos substancialmente com estas pessoas e retiremos alguns dos catalisadores que podem levá-las a uma situação pior, os números totais provavelmente aumentarão”, acrescentou.
Dos países que sofreram com crises alimentares em 2018, o mais afetado foi o Iêmen, onde quase 16 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar urgente depois de quatro anos de guerra, seguido pela República Democrática do Congo, com 13 milhões, e o Afeganistão, com 10,6 milhões.
Por mais duras que sejam estas situações, elas seriam piores sem assistência humanitária internacional — estimativas mostram que o número de famintos no Iêmen teria chegado a 20 milhões de pessoas, afirmou Russo.
Este é o terceiro ano consecutivo em que o número de pessoas passando por crises alimentares passou de 100 milhões, mas ainda está ligeiramente menor do que o de 2017, quando 124 milhões precisaram de ajuda.
Fonte: Reuters