O dólar operava em alta ante o real nesta quinta-feira, ensaiando quebrar uma sequência de quatro quedas, influenciado pelo ambiente externo, onde moedas de perfil semelhante à brasileira depreciam diante de dados mais fracos da China e de renovadas incertezas sobre a situação comercial entre Washington e Pequim.
As operações locais reagem sobretudo ao movimento externo, onde o dólar subia cerca de 0,2 por cento frente a uma cesta de divisas, que inclui euro e iene.
Mas o desempenho mais forte era contra moedas de perfil semelhante ao real, como os dólares da Austrália e da Nova Zelândia, que sentem os efeitos dos dados mais fracos da China, principal destino das exportações desses países e também do Brasil.
A Bloomberg noticiou nesta quinta-feira, citando fontes não identificadas, que um encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, para resolver a guerra comercial não acontecerá neste mês e é mais provável que ocorra em abril.
“As notícias de que os dois países adiaram uma nova rodada de conversas também estão pesando, porque indicam que uma resolução para o problema comercial, que afetou os mercados em todo o mundo no ano passado, não está tão próxima”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
A retomada das compras de dólares no mercado doméstico nesta sessão também encontra espaço na ausência de novas notícias positivas no campo da reforma da Previdência. Na noite de quarta-feira, como esperado, a Câmara dos Deputados instalou sua Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeiro órgão colegiado que analisará o texto que muda as regras previdenciárias.
A expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é que a CCJ possa analisar a admissibilidade da proposta até o dia 28 deste mês. O foco do mercado se volta para a proposta de novas regras para os militares, a ser encaminhada até dia 20 pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Apesar das dificuldades encontradas, seguimos confiantes de que a reforma da Previdência será aprovada ainda este ano e mantemos um posicionamento otimista”, dizem em nota gestores da Gauss Capital, que mantêm posições em bolsa, na inclinação da curva de juros e no real.
O BC vendeu nesta quinta-feira todo o lote de 14.500 contratos de swap cambial tradicional, correspondentes à venda de dólar futuro. A operação visa postergar o vencimento de papéis que inicialmente expirariam em 1º de abril.
Em sete operações realizadas, o BC já rolou o equivalente a 5,075 bilhões de dólares. O estoque a vencer em abril soma 12,321 bilhões de dólares. O montante total de swaps vendidos pelo BC e de posse do mercado é de 68,863 bilhões de dólares.
Fonte: Reuters