O consumo de café no Brasil cresceu 4,8% no último ano, no maior ritmo desde 2006, e tende a avançar a taxas consistentes nos próximos anos, conforme a retomada econômica e mudanças de hábitos impulsionam a demanda doméstica pelo produto, disse a Abic nesta quarta-feira.
Os dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) agora levam em conta nova metodologia, que passou a desconsiderar o volume antes atribuído às empresas não cadastradas, como fazendas, cafeterias, vendas em feiras e demais comerciantes informais.
Pelo novo método, o consumo de café somou 21 milhões de sacas no ano comercial que vai de novembro de 2017 a outubro de 2018. Pelo antigo, atingiria cerca de 23 milhões de sacas, segundo a Abic.
“Era um número cheio de incertezas”, afirmou o diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, durante coletiva de imprensa em São Paulo.
Conforme os dados da associação, o consumo per capita de café em grão cru no Brasil, país que é o segundo maior consumidor mundial da bebida, foi de 6,02 kg em 2018, ante 5,81 kg no ano anterior.
“Batemos um recorde de alta no consumo desde 2006. É um conjunto de fatores (para esse desempenho), mas, sem dúvida, temos o aumento do público consumidor, a melhora e a oferta de produtos diferenciados…. Hoje se toma café pela diferenciação, para combinar produtos, mudar formas de preparo… Acho que isso tudo explica o aumento do consumo de café”, comentou.
A tendência é de que, em meio a esse aumento do público consumidor e busca por novos tipos de produto, o consumo de café no Brasil tenha crescimento expressivo, de 3,5% ao ano até 2021, segundo dados da Euromonitor usados pela Abic.
Caso isso se confirme, o Brasil consumiria 21,7 milhões de sacas de café em 2019 e 23,3 milhões em 2021, pela nova metodologia.
“Essa condição também está associada à retomada econômica, sem dúvida”, destacou o diretor da Abic.
Ainda segundo ele, o Sudeste segue como maior região consumidora de café do país.
A maior parte do café produzido no Brasil, maior exportador global, é vendida ao exterior, um número que atingiu cerca de 35 milhões de sacas no ano passado.
Safra
Herszkowicz disse que as perspectivas são favoráveis para a safra de café deste ano no Brasil, o maior produtor e exportador mundial da commodity.
“A safra tem tamanho bom. Somada com a do ano passado, as duas mais do que suprem convenientemente a exportação e o consumo interno. Em relação à qualidade, tende a ser bom, porque choveu na época certa… A safra tem bom tamanho para garantir bons negócios”, disse, fazendo, contudo, ponderações quanto à oferta de robusta.
“Preocupa um pouco esse calor excessivo no Espírito Santo. Com o calor excessivo, o fruto seca antes… E isso diminui a qualidade”, comentou ele, acrescentando que a safra na Bahia e em Rondônia “vai muito bem”.
Espírito Santo, Bahia e Rondônia são os maiores produtores de robusta, ou conilon, usado no blend com o arábica e para solúveis.
O Brasil deve produzir neste ano entre 50,5 milhões e 54,5 milhões de sacas de café, segundo projeção da estatal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), recorde para anos de baixa produção, marcados pela bienalidade negativa do arábica, a variedade mais cultivada no país. No passado, o país colheu mais de 60 milhões de sacas.
Do total, entre 36,1 milhões e 38,1 milhões de sacas devem ser de arábica, enquanto a produção de robusta deve ficar entre 14,3 milhões e 16,3 milhões de sacas, segundo a Conab.
Fonte: Reuters
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Fonte: Sistema FAEP