Neste ano tem sido geral, em cafeeiros, a ocorrência de escaldadura, pois em janeiro vem ocorrendo pouca chuva, em combinação com altas temperaturas, o que provoca o amarelecimento e a queima de folhas e frutos dos cafeeiros. Essa queima acontece sob duas formas – a clorose, provocada pela degradação da clorofila e a necrose, esta devido à morte dos tecidos.
A escaldadura ocorre quando a planta absorve uma grande quantidade de energia do sol e não consegue dissipá-la, então ocorre um dano oxidativo. Deste modo, as regiões mais quentes, em altitudes mais baixas, e a face dos cafeeiros voltada para o sol da tarde são as mais afetadas pela escaldadura.
Uma observação nova é a de que a escaldadura vem ocorrendo principalmente nas lavouras quadráticas, com capação e variedades de porte baixo, sendo que cafeeiros de variedades sem achatamento da sua estrutura de copa parece que apresentam menos problemas. Também, lavouras com mais carga apresentam mais escaldadura, isso se explicando pela menor disponibilidade de reservas na folhagem, ficando os cloroplastos mais sensíveis. As lavouras com caminhamento do sol leste-oeste são menos atingidas pelo sol escaldante. Os galhos que tombam são fortemente atingidos pela escaldadura.
Os efeitos da escaldadura se traduzem na redução da área fotossintética da folhagem e no prejuízo direto, pelo chochamento e queima de frutos, com prejuízos visíveis, para a safra atual e, também, para a safra próxima, já que a queima da folhagem provoca redução no crescimento da parte nova do ramo, chegando, até, a provocar a seca dos ponteiros.
Para minimizar a ocorrência da escaldadura existem práticas como a própria irrigação, a qual, fornecendo água à planta, vai dar condições para um melhor resfriamento dos tecidos. A arborização da lavoura, reduzindo a insolação sobre os cafeeiros, é muito eficiente na diminuição da escaldadura, porem é uma prática difícil de ser adotada. O plantio direcionado reduz a escaldadura, pois evita a incidência do sol da tarde, de forma direta de um lado da linha de cafeeiros. O uso de maiores doses de nitrogênio na adubação, assim como aplicações foliares de cobre, tem reduzido a escaldadura. No mesmo objetivo, o uso de açúcar e de produtos com cristais, os quais refletem os raios solares, tendem a diminuir a escaldadura. Produtos fungicidas do grupo das estrobilurinas, especialmente a piraclostrobina, também reduzem a temperatura foliar. Ultimamente, tem aparecido no mercado também protetores solares, como o Protex, o Chapeu, o Bonder, e o Surround, uma formulação à base de caolim finamente moído especial. Eles podem reduzir em torno de 5 graus a temperatura nos tecidos foliares.
Fonte: Notícias Agrícolas