Não é só no pão dos brasileiros que o trigo argentino tem influência.
O produto também atua no equilíbrio da balança comercial com o país vizinho, como revela o estudo “A Trajetória do Trigo no Brasil e o seu Papel nas Relações Comerciais e Institucionais entre Brasil e Argentina”, compêndio divulgado nesta quinta-feira (31) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com a pesquisa, a exportação de bens manufaturados brasileiros, sobretudo nos setores automobilísticos e de máquinas elétricas, está fortemente relacionada com a importação do grão e de seus derivados, o que evidencia uma relação direta entre essas movimentações comerciais.
“Um dos motivos desse vínculo deve-se ao fato de que a pauta de produtos exportados pela Argentina é pouco diversificada”, explica Rodrigo Souza, analista da Conab e responsável técnico pelo compêndio. “Quase metade do que o país vizinho vende para o Brasil concentra-se em 16 produtos, sendo o trigo em grãos e a farinha de trigo responsáveis por aproximadamente 10% do total adquirido nos últimos anos. Já no caso brasileiro, são necessários pelo menos 50 produtos para atingirmos o mesmo nível de venda, devido à nossa grande diversidade de itens para exportação”, complementa.
A conclusão do estudo aponta ainda o quadro de gestão da oferta como outro importante fator de influência na relação de mercado desse cereal entre os países. O documento registra que o Brasil consome, por ano, cerca de 11 milhões de toneladas de trigo, sendo que a produção brasileira está estimada em 5,4 milhões de toneladas para a safra 2018/19, segundo o último levantamento da Companhia. A situação confirma o histórico dos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os quais demonstram que, no período de 1997 a 2017, cerca de 77% do trigo importado teve como origem a Argentina.
Fonte: DATAGRO