A conclusão é fruto de uma ampliação do conceito de ruralidade no país que, além da questão econômica, leva em consideração o estilo de vida, os valores e o cotidiano das pessoas. Esse número contrapõe aos 16% apresentado pelos indicadores nacionais.
Segundo a secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Maria Fernanda Coelho, que participou do encontro, a análise gera uma reflexão sobre a construção de futuro do rural brasileiro.
- Essa pesquisa abre uma discussão desse novo Brasil, depois de uma intensificação de políticas públicas para o meio rural nos últimos anos. Esses 37% da população têm a dinâmica de vida voltada para o meio rural. Essa é outra forma de trabalhar as nossas ações – ressaltou.
A professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Tânia Bacelar, explicou a diferenciação que o estudo traz.
- O que já faz a gente desconfiar dos 16% de rural, apresentado pelos indicadores, é a quantidade de municípios com menos de 20 mil habitantes no país, que são 70% deles. Um habitante de um perímetro urbano de um município de cinco mil habitantes é tido como urbano. É comparado com o morador de São Paulo, por exemplo. É para isso que estamos chamando atenção, dizendo que o Brasil rural é muito maior do que a sociedade pensa – falou.
A pesquisa potencializa, ainda, a política territorial. “Quando trabalhamos com territórios nos deparamos com o Brasil real. Isso mostra características importantes. A primeira é que o país é muito diverso, tem seis biomas completamente diferentes . Quando vemos por território, e não o Brasil em geral, as particularidades gritam: ‘Olha, presta atenção, eu não sou Semiárido, eu sou pampa’. Então o território tem uma força muito grande de mostrar pra gente a diversidade real da vida”, realçou Tânia.
Construção de Futuro
O Diálogos Condraf é uma série de debates que visa ampliar a participação social na discussão de temas relevantes para o desenvolvimento da do Brasil rural – como a questão da mulher, do jovem, dos povos e comunidades tradicionais, desenvolvimento territorial, desafios para a reforma agrária no Brasil, regularização fundiária na Amazônia Legal, redução da pobreza no campo .
De acordo com o secretário do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), Rodrigo Amaral, “o debate fortalece as políticas do Ministério do Desenvolvimento Agrário nesse ambiente de diálogo e construção social”.
Nesta segunda edição do encontro, mais de 180 pessoas se inscreveram para participar da discussão.
Também coordenaram o estudo, o secretário de Desenvolvimento Territorial do MDA, Humberto Oliveira, e o professor da UFPE, Jan Bitoun.
Fonte: Ascom/MDA