Para tentar auxiliar os produtores afetados pelas chuvas dos últimos dias, A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) irá solicitar ao governo do Estado securitização da dívida dos agricultores localizados na chamada Metade Sul do Estado. A securitização consiste na venda da dívida em forma de títulos para outros investidores.
“A entidade considera necessária esta medida, pois os produtores de arroz hoje também estão investindo em soja e, sobretudo, pelos problemas enfrentados nas lavouras que levaram os orizicultores a perderem volumes consideráveis nas duas culturas”, diz, em comunicado, a Federarroz.
O presidente da entidade, Henrique Dornelles, destaca que a Metade Sul é caracterizada pela sua predominância na agropecuária, sendo que o arroz é o produto mais importante seguido pelo gado e a soja. Ainda segundo o dirigente a situação é ainda mais grave para os produtores que, no ano passado, realizaram operações de renegociação junto ao sistema financeiro e que agora estão perdendo sua produção e acumulando dois vencimentos em um ano só.
“A situação que foi relatada por nós agravou-se devido ao retorno das chuvas e das cheias, especialmente por grandes rios, como o Rio Uruguai, que começou a fazer suas vítimas, e pelo Rio Ibicuí, que cresce de forma assustadora”, salienta.
Nos últimos dez dias, volumes históricos de 600 a 700 milímetros de chuvas já foram constatados nas regiões atingidas. Além disso, observa o presidente da Federarroz, os afluentes de rios como o Ibirapuitã e o próprio Ibicuí, se mantiveram em níveis mais altos, o que agravou a situação não só pelo aumento dos rios Uruguai, Ibicuí, Quaraí, Santa Maria e Rio Negro, mas pela permanência do nível do Ibirapuitã, que deixou imerso por mais de uma semana lavouras de arroz na região.
“Com isto, estas perdas passam a ser consolidadas e consideráveis. Então a previsão de quebra anunciada pela Federarroz já não é mais uma realidade em função do clima na semana passada”, relata Dornelles.
O dirigente acrescenta que, além das cheias com a permanência da elevação dos níveis dos rios, na semana que passou a baixa radiação solar foi uma constante, o que agrava de forma generalizada a quebra de produtividade do arroz no Rio Grande do Sul. Por isso, o pedido de securitização tem como ideia garantir pelo menos uma safra de 800 a 900 mil hectares. De acordo com Dornelles, isto se justifica porque nos últimos quatro anos, em dois ocorreram problemas climáticos com cheias e em pelo menos um ano (2018) houve crise de preços.
“O produtor, nos últimos quatro anos, teve um período mínimo para garantir lucro e tentar um resultado positivo”, afirma.
Fonte: DATAGRO