Chuvas previstas para as plantações de soja do Paraná e Mato Grosso do Sul na semana do Natal devem colocar um freio às perdas em lavouras menos adiantadas nos dois Estados, que ainda têm chance de recuperação, afirmou a consultoria AgRural nesta sexta-feira.
Nos dois Estados, conforme informou a Reuters nesta semana, o tempo seco e as elevadas temperaturas já prejudicaram a produtividade nas regiões com soja semeada precocemente, uma vez que foram atingidas pelas adversidades climáticas quando estavam enchendo grãos.
Algumas perdas no Paraná foram confirmadas pelo órgão do governo do Estado.
A AgRural disse que o impacto dos danos à produtividade só poderá ser mensurado em janeiro, após chuvas previstas para o fim de 2018, ainda que tenha notado perdas “irreversíveis” em parte dos dois Estados.
Em relatório, a AgRural afirmou ainda que a combinação de tempo quente e seco aumentou o temor de perdas em soja em outros Estados, com destaque para o sul de Mato Grosso, maior produtor brasileiro da oleaginosa.
Problemas climáticos teriam potencial de reduzir o tamanho de uma safra ainda estimada em recorde no Brasil, maior exportador da oleaginosa, após um excelente desenvolvimento inicial das lavouras beneficiadas por chuvas.
“A boa notícia é que os mapas de previsão mostram chuva em Mato Grosso, com os maiores volumes concentrados na virada do ano. A torcida dos produtores é para que essas chuvas caiam num padrão que não atrapalhe a colheita e que, ao mesmo tempo, favoreça as lavouras que ainda precisam de água”, afirmou a AgRural.
A colheita começou em alguns pontos isolados do norte de Mato Grosso, mas os trabalhos estão em ritmo lento, observou nesta sexta-feira o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em outro relatório.
“As atividades (de colheita) devem ser intensificadas na segunda quinzena de janeiro, quando sojicultores do Sudeste, Centro-Oeste e parte do Sul também começam a colher as lavouras prontas”, completou o Cepea em nota.
Procurado, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) disse não ter tido relatos de colheita, além de um caso na região de Nova Ubiratã, conforme noticiado esta semana.
O centro da Esalq/USP também chamou a atenção para questões climáticas, uma vez que “os níveis pluviométricos têm sido distintos em uma mesma região”.
A consultoria AgRural, por sua vez, acrescentou que outros pontos do país também sentem os efeitos negativos do calor e da falta de chuva.
“Mas a preocupação ainda não é tão grande porque, dependendo do caso, ou as lavouras ainda estão em desenvolvimento vegetativo ou início de floração, ou o solo ainda possui boas reservas hídricas ou há volumes significativos de chuva previstos para as próximas duas semanas”, afirmou a consultoria.
MILHO TAMBÉM SOFRE
No caso do milho verão, lavouras do Sul do Brasil que tinham excelentes condições no fim de novembro têm sofrido com o calor e a escassez de chuvas e apresentam perda de potencial, especialmente no Paraná, disse a consultoria.
Atento a questões climáticas, vendedor de milho reduziu a oferta e preço subiu na última semana pouco mais de 1 por cento nas regiões acompanhadas pelo Cepea.
“No campo, agentes estão atentos ao clima seco e quente no Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais —há necessidade de chuva nos próximos dias para o bom desenvolvimento das lavouras de verão”, afirmou o Cepea.
Até o dia 30 de dezembro, segundo dados do Refinitiv Eikon, da Thomson Reuters, as principais regiões produtoras de grãos receberão chuvas, mas ainda assim algumas áreas de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins verão precipitações abaixo da média para o período.
Fonte: Reuters