Que tal uma alface mais resistente a altas temperaturas no campo? E que dura mais na geladeira? A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está conseguindo vencer este desafio no Distrito Federal.
Há 8 anos o engenheiro ambiental Carlos Eduardo Pacheco e o agrônomo Fábio Suinaga pesquisam o assunto.
Tudo começa com a seleção de variedades já comerciais, que têm potencial de melhoria. Eles escolhem “pais” com boa genética, para gerar “filhas” de alta qualidade.
Hoje, 12 cultivares estão em análise. Uma câmara de crescimento vegetativo simula situações reais do campo. Uma luz cor de rosa estimula o crescimento. A branca induz o florescimento.
Pelo computador, o agrônomo controla diferentes variáveis, como umidade, oxigênio, gás carbônico e até incidência de luz.
O que mais conta para a pesquisa é a variação da temperatura. Atualmente, ela está em 25 graus, mas, ao longo de 2 meses de experimento, a ideia é aumentar para 30, 35 até chegar aos 40 graus.
A alface é planta hermafrodita: uma única flor tem a parte masculina e a feminina. Na natureza, a polinização é fechada, ou seja, o pólen fecunda a própria flor. No laboratório, a autofecundação é impedida.
“A gente precisa encontrar uma flor que ainda esteja com as pétalas fechadas, para a gente lavar o pólen dela, ou seja, a contribuição masculina. E aí, depois de um tempo após secagem, a gente faz o cruzamento propriamente dito, com o pólen do ‘pai’ que você deseja”, explica Fábio.
Um mês depois, as sementes da nova variedade já estão prontas: é só plantar.
No campo, o pesquisador vai analisar o tempo que cada planta leva para se desenvolver: quanto mais precoce, melhor. E vai avaliar também a aparência de cada alface.
A escolhida passa ainda por novos testes em laboratório, para checar a capacidade de enfrentar a doenças, fungos e vermes. Só as mais resistentes são plantadas.
Três variedades já chegaram aos produtores, com tolerância a uma temperatura média de 25 graus, 2 a mais do que uma alface convencional.
“Em um primeiro momento, você pode imaginar que seja pequeno, mas o que nós temos que entender é que nós estamos trabalhando com uma média de temperatura, ou seja, às duas horas da tarde, nós podemos enfrentar uma temperatura de 32 graus, por exemplo”, afirma Fábio. “Ela resiste, desde que tenha um suplemento adequado de água.”
Fonte: Globo Rural