Graças ao clima mais favorável, a previsão para safra de grãos em 2015 é de 209 milhões de toneladas, 8,1% a mais do que no ano passado e um recorde histórico, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de julho, divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A estimativa supera em 2,5 milhões de toneladas o volume da avaliação de junho.
O incremento na produção é explicado principalmente pela expansão da área plantada de milho de segunda safra. No mês passado, a estimativa chegou a 53,3 milhões de toneladas, alta de 5% em relação a junho e avanço de 9,7% ante 2014. Antes chamada de “safrinha”, a produção do milho de segunda hoje supera com folga a safra de verão, abocanhando 64% do volume colhido em todo o país.
- Os dados positivos refletem a influência do Mato Grosso, onde houve prolongamento das chuvas, o que beneficiou produção. O rendimento está excepcional – explicou o engenheiro agrônomo do IBGE, Carlos Antonio Barradas.
No Nordeste, porém, a estiagem ainda prejudica a colheita do feijão de primeira safra. A principal quebra ocorreu no Ceará, onde a estimativa de volume produzido caiu a menos de 100 mil toneladas, um recuo de 53,7% em relação a junho.
Apesar das chuvas no Sul, a produção de trigo não sofreu grandes prejuízos. A safra do grão será recorde em 2015, com 7,210 milhões de toneladas, avanço de 17% em relação ao ano anterior.
- Choveu muito na região Sul, mas isso não trouxe prejuízo para a lavoura de trigo – garantiu Barradas.
Clima
As culturas no Sudeste foram beneficiadas pelo clima favorável, com destaque para laranja e cana-de-açúcar. No caso da fruta, além do volume de chuvas, a desvalorização do real ante o dólar incentivou a produção, uma vez que o suco de laranja fica com preços mais competitivos no exterior.
No levantamento divulgado hoje, a produção de laranja foi avaliada em 16,2 milhões de toneladas, 9,3% acima do volume produzido em 2014. São Paulo, o maior produtor, é o principal responsável por esse crescimento, segundo o órgão.
No caso da cana-de-açúcar, além do clima, o aumento da rentabilidade dos produtores incentivou o plantio. Com isso, a produção este ano deve chegar a 703,2 milhões de toneladas, aumento de 2,1% em relação a 2014. Até junho, a indicação era de que a produção de cana seria menor do que a do ano passado.
Só em julho, foram acrescentadas à estimativa 24,9 milhões de toneladas.
- Os dados foram influenciados por São Paulo, cuja safra foi reavaliada para 368,2 milhões de toneladas, aumento de 7,2% frente ao mês anterior – destacou Barradas.
A produção paulista de cana ainda registrou aumentos de área plantada, área a ser colhida e rendimento médio.
- Esse aumento de safra ocorre também em função do preço do álcool, que aumentou a rentabilidade dos produtores. Agora, é preciso também saber que no ano passado a falta de água reduziu muito a área plantada de cana-de-açúcar. É uma cultura bem rústica, mas sente bastante a estiagem – explicou o engenheiro agrônomo.
Fonte: Gazeta do Povo