Enquanto alguns produtores da região ainda sentem os reflexos do último temporal, em outras propriedades a colheita do tabaco está prestes a completar seu primeiro mês. Até o momento, 8% da safra já foi retirada das lavouras no Vale do Rio Pardo, afirma o gerente técnico da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Paulo Vicente Ogliari. No ciclo passado, no entanto, os produtores já haviam colhido 18% no mesmo período.
A diferença pode ser explicada pela ação do clima. O frio e o excesso de chuva deste ano representam um cenário oposto ao de 2017, com destaque para o granizo, que atingiu 3,8 mil propriedades. “No ano passado nós quase não tivemos inverno. Com isso, a planta amadureceu mais rápido”, afirma Ogliari.
A produção, por sua vez, também deve apresentar redução. A estimativa inicial é de que ela seja 5% menor em comparação com a safra passada. No Rio Grande do Sul, em 2017, foram produzidas 319 mil toneladas de tabaco. Ogliari acredita que uma aposta mais concreta seja possível somente no início de dezembro.
Preço
Enquanto mais de cem avaliadores, inspetores e coordenadores da Afubra contabilizam os prejuízos nas lavouras da região, o custo de produção também começa a ser estudado. Após o levantamento e o repasse das informações à diretoria da instituição, começam as tratativas para a reunião que irá definir o peço do produto na safra atual. Se tudo correr dentro do esperado, o encontro pode ser marcado ainda para o fim deste mês.
Otimismo em crescimento
Diante dos 75 mil pés de tabaco na propriedade de mais de 7 hectares, Julci Kaufmann, 47 anos, e Rosângela Kaufmann, 36, esperam reverter o quadro enfrentado em 2017. Na safra passada, após 15 anos de trabalho, o casal perdeu praticamente toda a produção por causa da incidência de granizo na propriedade em Rincão Del Rey, no município de Rio Pardo. “Até o fim do ano queremos colher tudo”, conta Julci.
Esse também é o desejo de Sander Luís Theisen, 22 anos. Em Linha Capão, no município de Vera Cruz, ele , a mãe e o tio cultivam 48 mil pés da planta. Enquanto em 2017 houve uma perda de 30% do plantio, em 2018 a expectativa é melhor, apesar das 90 mil folhas atingidas no último temporal. “Começamos a colher no início de outubro, um pouco mais tarde que no ano passado, e esperamos estar prontos até o fim do ano.” Apesar disso, o jovem também acredita que a qualidade da folha pode ser um pouco prejudicada em razão da chuva.
Fonte: Gazeta do Sul – Santa Cruz do Sul