A expectativa com relação ao tamanho da safra de soja 2018/19 do Brasil, em fase de plantio, manteve-se em um recorde superior a 120 milhões de toneladas, com o setor consolidando suas apostas e no aguardo do desenrolar climático durante o desenvolvimento das lavouras, mostrou uma pesquisa da Reuters divulgada nesta segunda-feira.
Conforme a média de estimativas de 12 consultorias e entidades, o país, maior exportador global da oleaginosa, deverá colher 120,39 milhões de toneladas neste ciclo, em uma área também histórica de 36,12 milhões de hectares.
Caso se confirmem, a produção e o plantio crescerão 0,9 e 2,8 por cento, respectivamente, ante 2017/18.
As previsões se assemelham às da pesquisa anterior, do início de outubro, que apontavam uma safra de 120,40 milhões de toneladas, com semeadura de 36,14 milhões de hectares.
“Por enquanto, não há nenhum fator que possa pressionar a produtividade (das plantações) para baixo. A gente percebeu grande possibilidade de a produção superar os 120 milhões de toneladas… Por enquanto, não há nenhum fator prejudicial”, afirmou o analista Aedson Pereira, da consultoria IEG FNP, que prevê colheita de 122 milhões de toneladas.
Ele, contudo, alerta para o provável El Niño neste fim de ano. O fenômeno climático geralmente acarreta em chuvas em excesso no Sul do Brasil e um tempo mais seco no Nordeste.
“Minha preocupação é com o Rio Grande do Sul e com o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). O El Niño não costuma ser bondoso em questões hídricas (nessas regiões)”, avaliou, acrescentando que nas demais áreas, incluindo Mato Grosso, o maior produtor, as condições tendem a se manter mais favoráveis.
Na mesma linha, o analista sênior Victor Ikeda, do Rabobank, disse que, “ao menos em termos de clima, as chuvas têm colaborado neste início de safra 2018/19 nas principais regiões produtoras —resultando em um ritmo de plantio mais acelerado e intenso que nos últimos anos”.
“Ainda há muita estrada pela frente até a colheita dessa safra, principalmente em termos de desenvolvimento climático, porém, assumindo a linha de tendência, o Rabobank estima que a produção brasileira de soja deva atingir 123 milhões de toneladas”, afirmou ele.
Os receios, por ora, são bem pontuais. Na semana passada, por exemplo, surgiram os primeiros sinais de alerta em relação à safra do Paraná, o segundo maior produtor do país, por causa do excesso de chuvas, mas sem registro de perda de produtividade.
De acordo com o Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon, a chuvarada deve continuar neste início de novembro no Paraná, com acumulados acima da média, algo também a ser observado em Mato Grosso do Sul. Já Mato Grosso pode ter precipitações aquém do normal.
Entre outros pontos de atenção, continua a disputa comercial entre Estados Unidos e China, favorecendo a oleaginosa brasileira, com prêmios recentemente superando os 2,50 dólares por bushel.
Além disso, a maior safra de soja tem puxado as entregas de fertilizantes, que cresceram quase 26 por cento até setembro e devem fechar o ano em alta de mais de 2 por cento.
MILHO
Consultorias e demais entidades também projetam uma maior primeira safra de milho 2018/19 no Brasil, colhida no verão, em meio a um incremento considerável de área, mostrou outra pesquisa da Reuters também divulgada nesta segunda-feira.
Na média de 10 estimativas, o país deverá produzir 27,48 milhões de toneladas do chamado “milho verão”, alta de 2,5 por cento na comparação com 2017/18. Já a área deve avançar 5,5 por cento, para 5,36 milhões de hectares.
Para Ikeda, do Rabobank, “assim como vem ocorrendo nos últimos anos, o país deve concentrar o cultivo do cereal na segunda safra”.
“O ritmo acelerado de plantio da soja deve impulsionar essa área da safrinha de 2019”, concluiu.
Fonte: Reuters