Para alcançar o objetivo de incentivar a adoção do manejo integrado de pragas (MIP) junto aos produtores rurais e profissionais da assistência técnica e extensão rural do Distrito Federal, um projeto executado pela Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) pretende confeccionar cartilhas sobre controle de pragas e guias de bolso para facilitar a identificação de pragas e de seus inimigos naturais em cultivos de quatro espécies de hortaliças: tomate, pimentão, morango e alface.
“A proposta será usar os guias e as cartilhas em treinamentos de técnicos para que eles divulguem as tecnologias relacionadas ao manejo integrado de pragas, principalmente com foco no controle biológico”, explica o pesquisador Miguel Michereff Filho ao contar que o objetivo maior será contribuir para a racionalização do uso de agrotóxicos e para a produção de alimentos de alta qualidade nutricional e totalmente seguros para a saúde humana.
O controle químico, segundo ele, é a principal medida adotada pelos produtores de hortaliças nos dias atuais, mas nem sempre há garantia de resultado satisfatório porque, além de prejudicar os inimigos naturais, em caso de aplicações abusivas e equivocadas, as pragas podem apresentar resistência aos ingredientes ativos dos inseticidas e acaricidas. “O MIP é um sistema que, quando adotado corretamente, contribui para o uso racional de agrotóxicos, pois as medidas de controle usadas mantêm as populações de pragas em níveis de infestação baixos, que não chegam a causar perdas econômicas”, explica.
O projeto teve início no último mês de agosto e, nessa fase inicial, está sendo realizado um levantamento de pragas e de seus agentes de controle biológico em diversos núcleos rurais do Distrito Federal para a produção de imagens que vão ilustrar os materiais impressos. Espera-se coletar e fazer registro fotográfico das principais pragas, entre insetos e ácaros, que têm importância socioeconômica para a região em virtude dos prejuízos causados nas lavouras e dos valores gastos para seu controle.
Nos cultivos de tomateiro, seja em campo aberto ou em ambiente protegido, a traça-do-tomateiro tem se revelado um grande problema para os agricultores do DF, assim como a mosca-branca e os tripes que, além dos danos diretos, ainda transmitem vírus que causam doenças e grande perda na produção de tomate. Em pimentão e morango, a maior preocupação tem sido os surtos populacionais e a dificuldade de controle dos ácaros. Já no caso da alface, há perdas consideráveis por causa da alta incidência da doença “vira-cabeça”, causada por um vírus transmitido pelos tripes.
Para Michereff, a dificuldade de fazer o correto diagnóstico da praga é um dos fatores que inviabilizam a adoção do MIP, por isso, os guias de bolso vão facilitar a identificação dos insetos e ácaros presentes no sistema produtivo regional e, assim, contribuir com o trabalho de técnicos que prestam assistência aos produtores familiares de hortaliças no Distrito Federal.
Na segunda etapa do projeto, que deve ocorrer ao longo de 2019 até abril de 2020, serão realizados treinamentos, oficinas e dias de campo para técnicos, agricultores, estudantes de Agronomia e estudantes de curso Técnico em Agropecuária (Instituto Federal de Brasília), para que eles possam difundir os conhecimentos e práticas sobre MIP em sistemas produtivos de hortaliças no Distrito Federal. “Pretendemos contribuir com o processo de educação e conscientização da cadeia produtiva para que incorporem o MIP e compreendam a relevância do controle biológico na sua rotina de trabalho”, planeja Michereff.
O projeto é realizado em cooperação técnica com a Emater/DF e com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF).
Fonte: Embrapa