A safra de soja do Brasil 2018/19, cujo plantio está em fase inicial, foi estimada em um recorde de 122 milhões de toneladas pela consultoria IEG FNP, que elevou a previsão na comparação com estimativa de agosto em 1 milhão de toneladas, disse um analista nesta terça-feira.
Segundo Vitor Belasco, chuvas favoráveis durante o início do plantio permitiram o bom desenvolvimento do trabalho, o que traz boas perspectivas para a produtividade da safra.
Dessa forma, a consultoria do grupo Informa aumentou a estimativa de produção do país, maior exportador global de soja, apesar de uma redução na projeção de plantio para 36,2 milhões de hectares, ante 36,45 milhões de hectares em agosto.
Ainda assim, seria um crescimento de pouco mais de 1 milhão de hectares (3 por cento) sobre a temporada anterior —quando o Brasil colheu cerca de 119 milhões de toneladas, uma temporada com volume histórico—, com produtores semeando agora uma safra capitalizados pela demanda adicional da China.
“As condições de plantio estão adequadas, está chovendo bem… elimina o risco de ter um deslocamento da janela ideal de cultivo como teve o ano passado, quando demorou para chover em algumas regiões”, disse Belasco,
ressaltando que o ajuste na produtividade da consultoria se deu em função do bom início do plantio.
No Paraná, segundo produtor de soja do Brasil, o plantio avançou para 18 por cento do total previsto, após o início mais precoce dos trabalhos de semeadura em pelo menos cinco anos, segundo dados do Deral, do governo do Estado.
“O destaque é para o Sul, com quase 1 milhão de hectares semeados, essencialmente no Paraná”, disse Belasco,
lembrando que sob provável influência de um El Niño moderado a tendência é de chuvas no período entre a primavera e verão no Sudeste e Sul do país.
“Isso colabora para ter umidade adequada do solo, emergência sem atraso… Em contrapartida, quando está no enchimento de grãos tem maiores focos de veranico, isso ainda nos mantém um pouco conservadores quanto a produtividades.”
MATO GROSSO
Ele destacou que a área plantada em Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, crescerá ao nordeste do Estado, com a abertura de novas áreas.
O Mato Grosso terá um aumento absoluto de cerca de 130 mil hectares de um ano para o outro, com produtores semeando também em pastagens degradadas.
“A tendência é que se alinhe a área de cultivo do noroeste de Goiás com o nordeste de Mato Grosso”,
comentou ele, lembrando que os preços remuneradores, com a concentração da demanda chinesa no Brasil, estimulam produtores.
A área plantada no Brasil, no entanto, poderia ter sido ainda maior não fossem problemas no financiamento da safra gerados pelos protestos de caminhoneiros e tabela do frete rodoviário, que elevou os custos. Boa parte dos negócios antecipados em Mato Grosso são feitos via “barter”, em um sistema de troca por insumos.
Em termos de crescimento percentual, o maior salto no plantio deve ser registrado no Nordeste do país, com alta de 7,2 por cento, puxada por aumento no Piauí, nas regiões de Uruçuí e Bom Jesus, e no oeste da Bahia, em áreas que antes eram dedicadas ao milho primeira safra.
Fonte: Revista Globo Rural