Chuvas nesta semana devem retardar levemente a colheita de algodão em Mato Grosso, maior produtor brasileiro da pluma, mas serão insuficientes para prejudicar a qualidade da fibra, disseram especialistas à Reuters.
Um potencial atraso nos trabalhos de campo seria pequeno, de não mais que um dia, mas representaria o primeiro obstáculo a uma safra que vinha observando condições climáticas favoráveis durante toda a fase de desenvolvimento.
“Não acredito na ocorrência de sérios problemas na qualidade e produtividade do algodão, caso a previsão de chuvas ocorra, pois a maior parte das lavouras ainda se encontra em fase de pré-desfolha”, afirmou o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Alexandre Schenkel, por e-mail.
“Há ainda muitas ‘maçãs’ para abrirem e com materiais resistentes à deiscência (queda) da pluma”, acrescentou ele.
O Estado semeou neste ano 777,8 mil hectares com algodão e deve colher quase 1,3 milhão de toneladas do produto em pluma, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que ainda prevê uma colheita recorde de cerca de 2 milhões de toneladas no país.
Mas até o momento, conforme o Imea, apenas 15,5 por cento da área foi colhida em Mato Grosso, 10 pontos percentuais abaixo do observado há um ano, dado o atraso na colheita de soja —o algodão, assim como o milho, tem sido plantado após a retirada da oleaginosa dos campos.
Dessa forma, a tendência é de que as chuvas de agora reduzam o ritmo das atividades nas lavouras.
“Deve chover nas próximas duas semanas, até a metade de agosto. Devem ser chuvas leves no oeste, centro-sul e sudeste de Mato Grosso… Poderia atrasar em um dia a colheita, mas sem impacto duradouro”, destacou o analista de mercado Vitor Andrioli, da INTL FCStone.
O Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard aponta precipitações acumuladas de até 11 milímetros na porção sul de Mato Grosso. Em alguns locais, tendem a ficar acima do normal.
“A chuva é um problema, uma preocupação para o produtor. Se vier, que seja em um volume pequeno para não prejudicar”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura.
Por enquanto, a qualidade do algodão colhido é considerada boa em todo o Mato Grosso, segundo Schenkel, da Ampa, que conta com um clima favorável para o produtor atender negócios feitos antecipadamente.
“Boa parte das vendas ocorreu antes do plantio da safra e, à medida que houve a formação das lavouras e o produtor foi se tornando mais confiante nas produtividades a serem atingidas, o ritmo dos negócios se manteve crescente. O mercado tem ajudado bastante para atingir a grande proporção vendida do algodão para esta safra de 2018”, afirmou ele, sem citar números.
Fonte: Reuters