Quase 10 anos atrás, no primeiro semestre de 2009, o mundo ainda enfrentava os desdobramentos da grande crise econômica eclodida nos EUA no semestre anterior, o segundo de 2008. A avicultura também sentiu seus efeitos. Tanto que as exportações do período retrocederam e até mesmo a produção de pintos de corte recuou – até então, fato raro na história do setor.
Pois em maio de 2018, de acordo com a APINCO, o setor produtor de pintos de corte voltou aos mesmos baixos níveis registrados em 2009: a produção do mês – que, se previa, poderia chegar aos 505 milhões de cabeças, já como efeito do esforço desenvolvido pelo setor para melhor adequar a oferta às demandas interna e externa – não chegou aos 463 milhões de pintos, ficando 11,5% menor que a de um ano antes.
O volume registrado implicou em uma perda ou não-produção imediata de mais de 40 milhões de pintos de corte – o suficiente para produzir 100 mil toneladas de carne de frango – cuja origem foi a paralisação nacional do trânsito de mercadorias e que, no caso da produção de pintos de corte, impediu o transporte normal de ovos férteis das granjas produtoras para os incubatórios e, em alguns casos, bloqueou a saída dos incubatórios e afetou o alojamento dos pintos produzidos, que acabaram mortos por inanição.
Considerada a produção real (volume nominal dividido pelo número de dias do mês), a produção de pintos de corte de maio de 2018 foi a menor dos últimos nove anos. Aliás, mesmo em termos nominais retrocedeu, praticamente, aos níveis registrados em maio de 2009, quando o volume produzido ficou em 461,8 milhões de cabeças – apenas 1 milhão de cabeças (ou 0,2%) a menos que os 462,8 milhões de cabeças deste último maio.
A APINCO observa que, nos nove anos decorridos desde aquela grande crise, o setor registrou bons momentos de recuperação. O ápice da produção foi registrado em outubro de 2015, mês em que o total produzido ficou perto dos 580 milhões de cabeças. Uma vez que desde aquela época o alojamento de reprodutoras de corte se mantém no mesmo nível, a APINCO conclui que a capacidade instalada no setor permaneceu, também, em níveis idênticos – o que sugere que o setor está utilizando, no momento, menos de 80% da capacidade instalada.
Com a produção de maio, o volume acumulado nos cinco primeiros meses de 2018 aproximou-se dos 2,489 bilhões de cabeças, resultado que significa redução de 3,5% sobre idêntico período do ano anterior.
Porém, com esse volume, o setor retrocede aos volumes registrados no triênio 2010/2012, período em que o mundo ainda convivia com aquela mesma crise econômica iniciada em 2008. Em comparação ao recorde mantido desde 2016 (2,743 bilhões de cabeças entre janeiro e maio), a produção atual é quase 10% menor.
Fonte: Avisite