Chuvas previstas ao longo da segunda quinzena deste mês em partes do Brasil devem aliviar os temores quanto ao desenvolvimento da segunda safra de milho 2017/18, mas as condições climáticas seguirão como um alerta para os produtores pelo menos até julho, quando a colheita engrena, de acordo com especialistas.
A segunda safra responde pela maior parte da produção brasileira do cereal. Para o ciclo vigente, o 2017/18, a expectativa é de que 71 por cento da colheita total, prevista em 88,6 milhões de toneladas pelo governo, seja proveniente do também chamado milho safrinha.
Na última semana surgiram preocupações quanto à falta de chuvas nas lavouras do centro-sul do país. Como a segunda safra foi plantada fora da janela ideal devido ao atraso na colheita de soja, qualquer problema climático a partir de agora pode comprometer sensivelmente o potencial produtivo da cultura.
Mas conforme o Agriculture Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters, deve chover acima da média em importantes regiões produtoras de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, com acumulados entre 60 e 80 milímetros na média, com algumas áreas superando os 100 milímetros na segunda quinzena do mês.
No oeste e noroeste do Paraná, a previsão também aponta para precipitações ligeiramente acima do normal, chegando a 94 milímetros em certas localidades.
Em outras áreas do Paraná, segundo maior produtor depois de Mato Grosso, as chuvas deverão ser mais escassas, mas não a ponto de preocupar por ora.
“Choveu bem no fim de março e início de abril no Paraná e em São Paulo, então ainda tem reserva (umidade no solo)… Até agora as condições nas lavouras são normais. Em Mato Grosso e Goiás estão praticamente perfeitas”, disse o analista de mercado Paulo Molinari, da Safras & Mercado.
Ele ponderou, entretanto, que ainda há riscos ao milho safrinha, principalmente no Paraná, devido à possibilidade de geadas no outono.
“A princípio não tem previsão de geada, mas esse risco existe, pois é fim de La Niña. Sempre há a possibilidade de vir uma geada por causa disso”, afirmou.
O La Niña é um fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento atípico das águas superficiais do oceano Pacífico, resultando em temperaturas mais baixas no Sul do Brasil. Espera-se que tal padrão desapareça até maio.
No início de abril, o Departamento de Economia Rural (Deral) já havia alertado que, neste ano, as lavouras de milho segunda safra no Paraná estão mais suscetíveis a eventuais geadas precoces. Avaliação semelhante foi compartilhada pela INTL FCStone.
“A segunda safra de milho continua se desenvolvendo sem maiores percalços no centro-sul do Brasil. Grande parte das lavouras, porém, ainda não entrou em fase reprodutiva, quando chuvas e temperaturas na medida certa são essenciais para a obtenção de boas produtividades”, disse recentemente a AgRural.
“Por isso, é importante que continue chovendo ao longo de abril e maio e que as temperaturas não caiam muito no Paraná e no sul de Mato Grosso do Sul”, resumiu a consultoria.
Fonte: Reuters