Peça da vez no intrincado jogo de xadrez que é o comércio internacional, a China tende a reduzir ainda mais suas importações de carne de frango em 2018. Prevalecendo as previsões do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a queda irá implicar em uma redução de 3,5% em um ano e de mais de 30% em dois anos. E o principal afetado pode ser o Brasil, que em 2017 atendeu quase 85% das importações chinesas de carne de frango.
Com a produção prejudicada pelo embargo a fornecedores de reprodutoras afetados pela Influenza Aviária, a China viu sua produção de carne de frango recuar de 13,4 milhões de toneladas em 2015 para 12,3 milhões de toneladas em 2016. Para compensar, aumentou suas importações em 60%, de 268 mil/t em 2015 para 430 mil/t.
Mas a mesma Influenza Aviária que fez cair a produção, afetou também o consumo: temerosos frente ao número crescente de casos humanos da doença, os chineses reduziram significativamente o consumo do produto, o que, a despeito da menor oferta interna, permitiu reduzir as importações que, no ano passado, retrocederam mais de 25% (de 430 mil/t para 311 mil/t).
Segundo o USDA, essa fase já foi superada, pois, graças a uma intensa campanha de vacinação contra o H7 desenvolvida pelo Ministério da Agricultura chinês, o número de vítimas humanas da doença caiu sensivelmente e o consumidor retomou a confiança no produto, o que implica em maior demanda.
Como a disponibilidade interna (produção menos exportações) é inferior às necessidades, o lógico seria aumentar as importações. Mas, na opinião dos técnicos do USDA, elas devem recuar pelo segundo ano consecutivo. Não por opção chinesa, mas por falta de fornecedores – afirmam.
Explicando esse aparente contra senso, o USDA observa que a queda de importação registrada em 2017 também foi ocasionada por um limitado suprimento do produto. E cita o escândalo que afetou o principal fornecedor dos chineses como causa desse problema: a capacidade (“ability”) do Brasil no atendimento das exportações foi afetada, comentam.
Como o escândalo anterior continua a ter desdobramentos em 2018 e a capacidade de atendimento se encontra ainda mais afetada (há empresas com vendas externas suspensas), as exportações brasileiras para a China – que já recuaram quase 20% em 2017 – tendem a uma nova queda em 2018. É o que deve levar a China a importar menos, pois os demais principais fornecedores não têm condições de preencher a lacuna deixada pelo Brasil. Opinião do USDA.
Fonte: Avisite