Como foi a primeira pós-Carnaval, contava-se que a quarta semana de fevereiro (18 a 24, seis dias de negociações) imprimisse novo ritmo ao mercado de aves vivas.
Muito ao contrário, porém. Porque, após mais de cinco semanas com a cotação estável em R$2,50/kg, o frango vivo disponibilizado no interior paulista sofreu não apenas uma, mas duas baixas de cinco centavos cada. Assim, inicia a derradeira semana de fevereiro cotado a R$2,40/kg, valor que não era registrado desde 9 de junho de 2015, ou seja, há pelo menos 33 meses.
À luz do calendário as quedas ora observadas se justificam. Pois elas não só acontecem na segunda quinzena do mês (quando a demanda recua significativamente), como também coincidem com o período de chegada da Quaresma, quando, por questão religiosa, o consumo de carnes sofre retração. No ano passado isso não ocorreu porque, simplesmente, a Quaresma foi pós-fevereiro, começou em 1º de março.
Mas essa justificativa é muito simplista. E a razão maior, mesmo, não está no calendário religioso ou na época do mês e, sim, numa combinada estagnação dos mercados interno e externo.
O que se quer dizer é que, ao já baixo consumo interno (menor ainda nos primeiros meses do ano, quando se avolumam as obrigações financeiras de todo novo exercício) alia-se agora um fraco comportamento das exportações – devido não só a restrições dos importadores por conta (ainda) da Operação Carne Fraca, mas também à burocracia oficial. E, como observa Francisco Turra, Presidente da ABPA, “tudo o que não é exportado fica no mercado interno e derrete preços, aniquila a capacidade financeira das empresas e compromete o consumo interno”.
Infelizmente, porém, as vicissitudes do setor produtivo não têm se traduzido em benefício para o consumidor final. Pois, considerados os preços vigentes nos últimos dias de negócios de 2017, o frango vivo sofre redução de 9%, o abatido de 12% e, ao nível do varejo (dados do Procon-SP para a cidade de São Paulo), a redução não chega a 2%.
Fonte: Avisite