A primeira quinzena de janeiro fechou com a confirmação de 18 casos de ferrugem asiática nas lavouras de soja da safra 2017/18, de Mato Grosso. Os registros representam 53% do total contabilizado em toda a safra passada, que conforme o Mapa da Dispersão da doença, do Consórcio Antiferrugem, totalizaram 34 registros em áreas comerciais no ciclo 2016/17 em todo o Estado.
O Estado, maior produtor de soja do país, acumula o quarto maior volume de ocorrências até o momento, atrás do Paraná com 87 casos, do Mato Grosso do Sul com outros 24 casos e do Rio Grande do Sul com 19. O Brasil totalizava 163 até o dia 15 desse mês.
O que chama à atenção é que dos 18 casos, 15 deles foram identificados e confirmados nesse mês, sendo 10 deles em estádio (ciclo) de desenvolvimento R5 – início do enchimento do grão – e outros seis em estádio R6, grão verde ou vagem cheia.
Todos esses registros no Estado foram identificados em área comerciais. Até ontem, Tangará da Serra (242 quilômetros ao médio norte de Cuiabá) com cinco registros e Primavera do Leste (239 quilômetros ao sul de Cuiabá) com quatro lideravam o ranking estadual. O primeiro caso em lavoura comercial foi feito no dia 21 de dezembro, em Primavera do Leste.
Conforme o Consórcio Antiferrugem, além dessas 18 ocorrências em áreas comerciais, outros quatro focos foram confirmados, mas em soja voluntária, portanto em plantas remanescentes da safra passada e que não foram destruídas conforme determina o Vazio Sanitário. Esses casos estão em Alto Araguaia, Alto Garças, Nova Mutum e Sapezal.
Entre os produtores a preocupação redobra a partir de agora, primeiro por conta da intensificação das chuvas e segundo, porque a colheita favorece a disseminação. A umidade da chuva e as altas temperaturas criam um ambiente favorável à proliferação do fungo e a colheita ajuda e dispersar os fungos para outras lavouras. A tendência, com colheita e clima favorável à multiplicação do fungo, é a disseminação da doença.
A DOENÇA – A doença, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi é considerada uma das mais severas que incidem sobre a cultura e pode ocorrer em qualquer estádio fenológico (desenvolvimento). Plantas infectadas apresentam desfolha precoce, comprometendo a formação e o enchimento de vagens, reduzindo o peso final dos grãos e demandando mais custos de combate e controle ao produtor. Nas diversas regiões geográficas onde a ferrugem asiática foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção.
O Consórcio é uma parceria público-privada no combate à ferrugem asiática da soja e traz informações sobre a doença em todo o país com atualizações diárias, na medida em que surgem novos casos.
CAMPO – Equipe técnica da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) realizou no início dessa semana visita técnica na região de Chapadão do Rio Verde. O objetivo foi verificar a informação de foco de ferrugem severa em uma propriedade rural de Tangará da Serra.
“Constatamos que a doença nesta severidade é algo incomum, mas está sob controle. Mesmo porque foi em uma área isolada, não atingindo desta forma outros talhões. Agora, vamos levar o material coletado para análise”, explica Wanderlei Dias Guerra, diretor técnico da Aprosoja.
Segundo o agricultor dono da área, todos os controles foram feitos corretamente. O diretor técnico alerta os produtores rurais para que façam o manejo preventivo e as aplicações conforme recomendação técnica.
“É preciso ainda ter cuidado na hora da colheita para não disseminar o fungo da ferrugem asiática para outras partes da lavoura”, reforça Wanderlei Dias Guerra.
Fonte: Diário de Cuiabá