Principal commodity de exportação pelo Brasil, a soja terá nova expansão na safra 2015/16 no país, mostra projeção do Agronegócio Gazeta do Povo baseada nas tendências do mercado global e no planejamento das principais regiões de cultivo. O setor deve dar perto de 1,1 milhão de hectares extras à oleaginosa.
Com isso, a soja passará a ocupar 31,5 milhões de hectares. O incremento corresponde a uma área 10 vezes maior que as 100 mil hectares a serem retiradas do milho de verão, num movimento que acentua a tendência de o país concentrar a produção do cereal no inverno.
O agronegócio segue plano de ampliação no cultivo de soja mesmo com risco de queda nas cotações em dólar. Em real tanto o preço da soja quanto o do milho estão mais valorizados atualmente, influenciando o planejamento dos produtores. As cotações médias do Paraná –R$ 64 e R$ 22 por saca, respectivamente – estão 13% acima das praticadas em junho.
Essa valorização não cobre elevação de custos de 16,3% verificada em Mato Grosso, por exemplo. No entanto, permite que, com boa produtividade nas culturas de inverno, os estados agrícolas mantenham seus planos de produção para a próxima temporada. Essa análise considera que os danos do excesso de chuva verificado nas últimas semanas ainda são pontuais.
Década de expansão
O incremento na área da soja confirma plano de longo prazo de expansão da agricultura brasileira. Amplia também o volume geral de grãos do país e, automaticamente, a disponibilidade para processamento e exportação.
O embarque de soja tende a alcançar 50 milhões de toneladas já em 2015, aponta o Agronegócio Gazeta do Povo – são 4,3 milhões a mais do que em 2014.
De acordo com as projeções estratégicas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a produção brasileira de grãos passará de 200 milhões para 300 milhões de toneladas entre as safras 2014/15 e 2024/25. Projeção de 301,3 milhões de t é apontada como “limite superior”. Na pior das hipóteses, o país chegaria a 259 milhões de t, com expansão de cerca de 6 milhões de t/ano.
Essa expansão vem da soja, começando pela área de grãos. Em uma década, a oleaginosa teria incremento de 9,7 milhões e atingiria 41,2 milhões de hectares, considera o Mapa. O incremento tende a compensar recuo em outras culturas. A área geral sobe menos: 8,5 milhões de hectares, para 67,5 milhões. A produção da oleaginosa deve continuar crescendo muito mais em função das exportações de grãos do que do consumo interno, avalia o governo. E as lavouras tendem a crescer fortemente no Cerrado (Centro-Oeste e Centro-Norte).
Agricultura fará “retomada” da colheita nesta semana
As regiões que ficaram com lavouras de milho encharcadas nas últimas semanas devem ter tempo firme nos próximos dias no Paraná, conforme a meteorologia. Isso permite a retomada dos trabalhos em ritmo forte em municípios onde os produtores ficaram duas semanas “paralisados”, como Francisco Beltrão (Sudoeste).
Em âmbito estadual, apesar das interrupções – e de as máquinas estarem apenas começando a retirar o milho da lavoura na região Norte –, a colheita segue ritmo similar ao de 2014, relatam os técnicos da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), que monitoram a situação das lavouras regionalmente. Se no Paraná foram ultrapassados os 30% da área plantada, em Mato Grosso a colheitadeiras chegam aos 70%, também num momento em que alcançam os patamares verificados ano passado.
Tanto a agricultura paranaense quanto a mato-grossense seguem relatando produtividades recordes, de 5,7 mil e de 6,6 mil quilos por hectare de milho de inverno.
32,5 milhões de hectares
devem ser semeados com soja a partir de setembro, área 3,5% maior que a de 31,4 milhões de ha registrada em 2014/15. O milho de verão tende a recuar de 6,36 para 6,30 (milhões de ha), com diminuição de 1% no plantio.
Fonte: Gazeta do Povo