A produção de matéria orgânica é um assunto importante para o produtor rural. As técnicas de preparo de solo, como a aragem, e o plantio de culturas de cobertura que aumentam a qualidade do solo podem ajudar ou até mesmo diminuir o rendimento agrícola. O produtor americano Dave Legvold, de Northfield, no estado de Minnesota, descobriu este equilíbrio quando assumiu a administração de uma fazenda, há 13 anos.
A área arrendada por ele era fortemente cultivada e mal drenada.
- Era horrível – diz o produtor.
Legvold, um defensor do cultivo em faixas, queria melhorar a qualidade geral do campo. Ele implementou medidas que aumentaram a matéria orgânica de 1,7% para 5,5% e até 6,5% em algumas áreas.
De acordo com Chad Watts, diretor executivo do Conservation Technology Information Center, cada solo é diferente.
- Temos de tratá-los caso a caso – diz Watts. Via de regra, Watts sugere menos perturbações físicas e mais diversidade vegetal. – Quanto mais matéria orgânica tivermos, melhores vantagens teremos – afirma Chad Watts, diretor executivo do Conservation Technology Information Center.
O solo recebe muitos benefícios da matéria orgânica, afirma Watts. O cultivo adequado e práticas que garantem um solo saudável acentuam os benefícios.
- Você pode tornar o cultivo mais eficiente com um solo saudável, pois é possível trabalhar o ar e água de maneira mais eficaz – diz Watts.
A primeira medida que o produtor Legvold adotou foi melhorar a drenagem.
- O funcionário anterior trabalhava com uma hidrologia incomum com um arado de aiveca, passando o cultivador no outono – diz Legvold.
De acordo com Watts, a humidade pode limitar o solo. E a drenagem, se adotada adequadamente, é uma boa técnica para o sistema agrícola.
- Há uma terra muito produtiva que precisa de preparo de solo – ele afirma.
Com a drenagem, o produtor Legvold consegue iniciar o cultivo mais cedo.
- Não preciso esperar que as poças sequem – ele diz.
Reduzir o preparo do solo é o próximo passo na equação de Legvold. O preparo de solo incorpora a matéria orgânica e causa a volatilização. Isto faz com que a matéria sofra combustão e seja convertida em carbono atmosférico.
O preparo injeta ar no solo. No outono, quando o ar deixa o solo, o preparo é novamente necessário.
- Não é um ciclo saudável. Quanto mais preparo você faz, mais preparo é necessário – afirma Watts.
Segundo Watts, cinquenta por cento do solo deveria consistir de ar e água, enquanto os outros 50% deveriam ser de matéria orgânica.
- Se 75% for de matéria do solo, você não tem porosidade para mover o ar e a água. À medida que você cria porosidade, você pode movê-los – afirma ele.
Embora Watts defenda menos alterações no solo, ele considera que o plantio direto não deve ser a regra para todas as fazendas.
- Há técnicas de manejo que devem ser feitas em solos diferentes, mas há muitos lugares que não precisamos usar o plantio direto – afirma ele.
Logo após a transição, os solos podem não ser eficientes na movimentação do ar e da água. Com menos alterações você também poderá melhorar a drenagem, explica Legvold.
- Se você for paciente e permitir que o solo se desenvolva, terá estabilidade agregada – diz o produtor. – Consigo usar a plantadeira porque o solo está sólido enquanto outras pessoas não conseguem. -
Há potencial para reduzir a aplicação de nutrientes, mas isso não ocorre de imediato.
- Com as culturas de cobertura, podemos mudar a maneira como pensamos sobre estratégia de nutrição – diz Watts.
Esse manejo favoreceu o plano nutricional criado por Legvold. Além de inserir os nutrientes pelas raízes, ele também vê os benefícios do solo.
- No passado, eu tinha de colocar muito fertilizante para produzir – diz ele. – O rendimento aumenta à medida que o solo melhora – afirma Legvold.
Agora que ele melhorou a qualidade da lavoura, pode contar com a reciclagem dos nutrientes do solo e usar até 30% menos fertilizantes. O cultivo de cobertura também é outra prática que ajuda no processo de produção da matéria orgânica, melhorando a qualidade do solo e a fertilidade.
Outra vantagem é que Legvold está economizando combustível porque, com a redução do preparo de solo e menor necessidade de nutrientes, ele tem feito menor número de aplicações de fertilizantes durante a safra.
O melhoramento genético, avanços no manejo de pragas e doenças, o melhor gerenciamento de fertilizantes e novas tecnologias impulsionam a produtividade. Então, muitas vezes os problemas causados por práticas inadequadas do manejo de solo podem passar despercebidas.
- Há um fenômeno de mascaramento da perda de produtividade devido à diminuição da qualidade do solo – diz Legvold. – Se a qualidade do solo continuar a diminuir devido ao preparo, em breve chegaremos a um ponto em que não poderemos superar a perda de produtividade, não importa a estratégia. -
Segundo Watts, toda prática de manejo tem implicações associadas. Por isso, é recomendado que haja uma abordagem de sistemas, que promova adaptações em todas as áreas da fazenda, com um trabalho integrado.
- É um efeito dominó – diz Watts.
Fonte: SFAgro