O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite) e as entidades por ele representadas deliberaram, em reunião nesta terça-feira (19/12), na sede da Fetag, por emitir orientação aos produtores de redução de 10% na produção do Rio Grande do Sul. A decisão deve-se ao fato da falta de reação do mercado nacional, que opera a preços muito abaixo do razoável, inviabilizando a atividade de produtores e indústrias. “É consenso que a situação está péssima para o setor, tanto para a indústria quanto para o produtor”, pontuou o presidente do Conseleite, Alexandre Guerra. Presente no encontro, o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, concordou.
A decisão veio na mesma reunião em que o Conseleite anunciou projeção de queda no valor de referência para dezembro. Depois de registrar aumento em novembro como reflexo da suspensão das importações de leite do Uruguai, o projetado para dezembro é de R$ 0,8369, – 3,83% abaixo do consolidado de novembro (R$ 0,8702). Segundo Guerra, que também preside o Sindilat, o resultado reflete o período de festas de fim de ano, quando o consumo de lácteos também enfrenta retração. Contudo, neste ano, a queda agrava-se devido à crise generalizada do setor e à decisão do governo de reabrir o mercado para os produtos uruguaios sem o sistema de cotas para leite em pó e queijos. Segundo o professor da UPF Marco Antonio Montoya, a queda do valor de referência foi puxada pelo leite UHT (-6,51%) e em pó (-2,31%), os dois itens mais importante na composição do mix das indústrias gaúchas.
Novo Parâmetro
No encontro, também foram aprovados novos parâmetros de cálculo para o valor de referência do leite. A atualização, que demandou dois anos de pesquisa por parte da Câmara Técnica do Conseleite (Camatec), se fez necessária em função de mudanças tecnológicas e revisão de custos de produção na indústria e nos tambos. Segundo o professor da UPF Marco Antonio Montoya, o novo levantamento atualiza parâmetros de 2005 para base 2016 e traz mudança substancial de rendimento na indústria e na participação da matéria prima (leite) em cada derivado produzido no RS. Representantes dos laticínios e dos produtores decidiram que os novos padrões entrarão em vigor em janeiro de 2018, colocando o valor de referência do RS mais alinhado com o dos estados de Santa Catarina e Paraná, que já implementaram os ajustes. A Câmara Técnica do Conseleite é formada por dois representantes da indústria e dois dos produtores, além da equipe técnica da Universidade de Passo Fundo (UPF), contratada para tabulação e análise dos dados divulgados mensalmente.
Tabela 1: Valores Finais da Matéria-Prima (Leite) de Referência1, em R$ – Novembro de 2017.
Matéria-prima |
Valores Projetados Novembro /17 |
Valores Finais Novembro /17 |
Diferença (Final – projetado) |
I – Maior valor de referência |
0,9951 |
1,0008 |
0,0056 |
II – Valor de referência |
0,8653 |
0,8702 |
0,0049 |
III – Menor valor de referência |
0,7788 |
0,7832 |
0,004 |
(1) Valor para o leite posto na plataforma do laticínio com Funrural incluso (preço bruto – o frete é custo do produtor)
Tabela 2: Valores Projetados da Matéria-Prima (Leite) de Referência1, em R$ – Dezembro de 2017.
Matéria-prima |
Dezembro /17 * |
I – Maior valor de referência |
0,9625 |
II – Valor de referência |
0,8369 |
III – Menor valor de referência |
0,7532 |
(1) Valor para o leite posto na plataforma do laticínio com Funrural incluso (preço bruto – o frete é custo do produtor)
Fonte: SindiLat