Brasília (05/12/2017) – Em entrevista na sede da CNA para divulgar o balanço de 2017 e as perspectivas do setor para o próximo ano, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, fez previsões otimistas para 2018 em relação ao agro, falou das prioridades e destacou a capacidade que o produtor rural tem para produzir de forma eficiente.
Apesar da previsão de que a colheita recorde de grãos deste ano, de mais de 238 milhões de toneladas, não vai se repetir no próximo ano, Martins afirmou que o país terá uma boa safra em 2018 e a produção em regiões como o Matopiba, que registrou perdas no passado, deve se normalizar.
“Teremos queda de produção de grãos apenas se levarmos em conta o ano de 2017, que foi espetacular”, explicou. Segundo dados apresentados pela CNA, a estimativa é de que a colheita em 2018 seja de 224 milhões de toneladas, 6% a menos do que a safra registrada neste ano.
No entanto, Martins ressaltou que o país pode bater no futuro o teto registrado neste ano, pois o produtor rural, com a utilização de tecnologias, produz cada vez mais sem derrubar florestas utilizando, por exemplo, áreas degradadas que podem ser convertidas em terras agricultáveis.
Para o presidente da CNA, o produtor rural está cada vez mais eficiente. “Se olhar o histórico de quanto produzíamos por hectare o feijão, o leite, a carne, o milho, vê-se que cada dia mais o produtor está mais competitivo. Ele tem de ganhar por escala, sobre quantas sacas ele vai produzir por hectare”.
João Martins listou algumas prioridades para 2018. Uma delas é trabalhar para fazer do Brasil um grande exportador de produtos lácteos, assim como é um dos grandes fornecedores de carnes.
Outra bandeira é aprimorar a defesa sanitária. O presidente da CNA citou, ainda, a necessidade de buscar melhorias no financiamento da produção, para que os recursos sejam compatíveis com a realidade da produção, e de instrumentos de gestão de risco, como o seguro rural. “Os países com agricultura moderna precisam do seguro rural”.
Sobre a infraestrutura e logística, João Martins avaliou que o país precisa ser competitivo fora das propriedades rurais. Atualmente, o custo de transporte da produção no Brasil chega a ser quatro vezes maior do que Argentina e Estados Unidos.
“Somos eficientes da porteira pra dentro. Mas vamos ficar com o produto aqui? Não, vamos levar lá para fora. Mas somos ineficientes da porteira pra fora e precisamos urgentemente tomar algumas medidas para amenizar esse problema e evitar caminhões atolados nas filas dos portos”.
Cenário positivo – O superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, apresentou os resultados do setor em 2017 e as projeções da entidade para 2018. Ele pontuou os desafios dos produtores rurais em relação à baixa nos preços da carne e do leite, mas destacou que para o próximo ano as projeções são animadoras.
Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA
“Conseguimos nos recompor com um trabalho muito forte da CNA e de outras entidades diante das crises artificiais que foram criadas em 2017 em relação à carne brasileira. Porém, para o próximo ano esperamos um cenário mais positivo, um retorno do consumo das famílias, além das exportações que estarão mais aquecidas, principalmente nos países asiáticos, com preços da soja e do milho um pouco mais altos também em função do que será consumido na Ásia e nos Estados Unidos para produção de ração animal. Mais uma vez o setor ajudou o País a sair da crise e foi essencial para a recuperação do Brasil”.
O diretor da LCA Consultores, Luiz Suzigan, disse que a agropecuária teve papel importante para a recuperação da economia em 2017. Para o próximo ano, ele avaliou que o crescimento da economia brasileira dependerá de fatores como a flexibilização da política monetária, do ambiente político interno e fatores conjunturais externos.
Luiz Suzigan, diretor da LCA Consultores
Novos mercados – Na avaliação de Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da CNA, 2017 foi um ano positivo no comércio exterior com aumento das exportações e melhor direcionamento nas negociações comerciais com mercados estrangeiros.
Segundo Lígia, em 2018 a CNA fará esforços para defender cada vez mais a imagem do agronegócio brasileiro no exterior, aumentar a competitividade do setor e irá trabalhar para a abertura de novos mercados, porque, apesar de o Brasil ser o 4º exportador mundial, o País ainda tem pouco acesso a mercados estrangeiros.
Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da CNA
“Precisamos diversificar não apenas nossa pauta, mas os destinos de exportação, porque temos sim oportunidades principalmente para produtos de maior valor agregado, em destinos como Indonésia, Vietnã e Tailândia. Temos a produção, mas precisamos ter maior acesso ao mercado estrangeiro, porque isso significa acordos com reduções tarifárias ou de barreiras sanitárias e um potencial de exportação muito maior.”
Lígia Dutra destacou, ainda, que para a CNA a prioridade entre os países asiáticos é iniciar a negociação com a Coréia do Sul. “Será um passo importantíssimo para o agronegócio brasileiro. É um mercado que sofremos concorrência forte dos EUA e da Austrália.”
Assessoria de Comunicação CNA
Fotos: Wenderson Araújo e Tony Oliveira
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Fonte: Canal do Produtor