Após se reunir com os deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ontem (23), o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi criticado pelas lideranças do grupo ruralista. O “radicalismo”, o “isolamento partidário” e uma certa “inexperiência” são os pontos que separariam Bolsonaro desses parlamentares.
Para os parlamentares, a promessa de “distribuir fuzis para os proprietários de terra se defenderem contra invasões” passou do ponto.
- A questão da segurança da propriedade rural é bastante delicada. É preciso, primeiro, defender a aplicação da lei. Muita gente achou que a história dos fuzis não ajuda a nossa causa – disse o coordenador da FPA, Nilson Leitão (PSDB-MT).
Entre expoentes da bancada , ganha corpo a opinião de que Bolsonaro serviria apenas como um plano B – e somente em um eventual segundo turno contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um termômetro disso foi a baixa adesão ao almoço do deputado com a bancada. Os encontros com Geraldo Alckmin e João Doria, ambos do PSDB, foram mais concorridos. Além disso, Leitão, que hoje é a principal liderança na bancada, já declarou ter candidato: Alckmin.
Mesmo na frente da segurança pública, onde o discurso pró-flexibilização do Estatuto do Desarmamento encontra ressonância na voz do deputado, o apoio é adornado por uma série de ressalvas.
- Bolsonaro é uma pedra que precisa ser burilada – disse o coordenador da frente, Alberto Fraga (DEM-DF). Ele precisa modular a forma como se expressa. Acho que ele pode defender suas ideias sem agredir outros segmentos da sociedade – afirmou.
Fraga disse que o apoio a Bolsonaro é maior no núcleo duro da bancada (cerca de 30 deputados) do que em sua totalidade (mais de 200 deputados).
Um dos motivos disso, segundo o deputado, seria a postura avessa às coligações que o próprio potencial presidenciável tem adotado – e que estaria no cerne de sua ida para um partido pequeno, como o PEN-Patriota.
- A frente é pluripartidária, temos nomes de diversos partidos e com atuações diferentes em seus Estados. O isolamento pode prejudicá-lo – afirmou Fraga.
Já o coordenador da bancada evangélica, o deputado Takayama (PSC-PR), discorreu sobre as virtudes de um potencial candidato.
- Não basta ser um homem honesto, tem de ter capacidade de gerenciamento, experiência administrativa e preparo político – disse.
Takayama também afirmou ser preferível que o futuro presidente “entenda de economia”.
Fonte: Gazeta do Povo
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil