Dos 628.500 hectares plantados com sorgo na safra 2016/2017, 309.114 hectares foram semeados com o sorgo forrageiro, destinado à produção de silagem. Os dados, da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e da APPS (Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas), revelam uma crescente evolução da área plantada com o sorgo silageiro desde a década de 1990.
- É uma cultura que vem aos poucos ganhando espaço em razão das instabilidades climáticas dos últimos seis anos nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste – analisa Dimas Cardoso, supervisor de desenvolvimento de produtos para silagem da empresa Riber KWS, licenciada da Embrapa para comercialização da cultivar de sorgo forrageiro BRS 658.
Esse sorgo foi lançado na última safra, quando foram disponibilizadas cerca de 40 toneladas de sementes. A empresa ampliou a oferta este ano para 240 toneladas, que serão suficientes para o plantio de aproximadamente 24 mil hectares.
- Todo esse volume está disponibilizado no mercado, em cerca de 200 revendas parceiras distribuídas em 123 cidades e em oito estados brasileiros – diz José Benevides Romano, gerente comercial da Riber KWS. – Até o momento, os principais volumes comercializados foram feitos para as regiões Sul e Sudeste e para os estados de Goiás e Bahia – comenta.
A região Sudeste é a principal produtora de sorgo silageiro, com 107.606 hectares semeados na última safra, seguida das regiões Sul (99.459 hectares) e Centro-Oeste (com 81.436 hectares).
A cultura do sorgo é mais tolerante a condições de estresse hídrico que outros cereais, como o milho, por exemplo.
- Aliada a essa característica, o cultivo vem crescendo em condições de safrinha em sucessão ao milho e à soja e, principalmente, com o problema crescente dos ataques da cigarrinha na cultura do milho. O sorgo tem um apelo muito forte por apresentar um custo de produção inferior e ter bons rendimentos, além da possibilidade de ser usado no sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), na recuperação de pastagens degradadas – afirma Dimas Cardoso.
Segundo ele, uma das grandes dificuldades é ainda o plantio correto, o que demanda treinamento para produtores e prestadores de serviço, como também disponibilidade de discos adequados da semeadora.
Para o especialista em silagem é necessário desvincular a cultura do sorgo da característica de rusticidade.
- Não existe alta produtividade sem extração ou exportação de nutrientes. O sorgo é rústico em relação à seca, mas mostra um nível de extração semelhante à cultura do milho. Quando se combina alta população de plantas e adubação insuficiente, ocorrem as principais reclamações: alto índice de acamamento, esgotamento da fertilidade do solo e consequências negativas na produtividade da cultura sucessora – aponta. – Trabalhando corretamente, essas reclamações não ocorrem – completa.
Ainda segundo Dimas, outro detalhe importante é a profundidade de semeadura.
- Quando mais raso, sem que as sementes fiquem descobertas, melhor. Por isso, um solo bem nivelado é fundamental. O produtor deve ter atenção na pressão das molas do conjunto da semeadora para manter a profundidade adequada, que está entre três e quatro centímetros. Profundidades acima de cinco centímetros dificultam a germinação e o vigor inicial das plântulas – alerta.
Um dos diferenciais das sementes da cultivar BRS 658, segundo o especialista, é o tamanho.
- São maiores e de fácil plantabilidade em relação às demais – reforça.
Outra informação importante é a necessidade de atenção à velocidade de plantio – estabelecida em 5 km/h – para melhor distribuição e fluxo das sementes.
Desenvolvimento
O híbrido silageiro BRS 658 foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo pesquisador José Avelino Santos Rodrigues, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). O que se buscou durante as etapas de melhoramento genético da cultivar foram sete características: alta produtividade de massa; alta proporção de grão; bom padrão de fermentação; boa digestibilidade; resistência a doenças; eficiência nutricional; e resistência ao acamamento.
- O BRS 658 veio para o segmento de produção de silagem de qualidade e é resultado de um trabalho de quase 10 anos de pesquisa – relata.
José Avelino, melhorista da cultura do sorgo há 41 anos, diz que a nova cultivar apresenta boa capacidade de rebrota e possui um sistema radicular muito bem desenvolvido, o que confere resistência ao acamamento. Defensor do cultivo do sorgo, Pio, como é mais conhecido, traz uma carta poderosa na manga em tempos de escassez de chuva: enquanto o milho gasta 500 kg de água para produzir 1 kg de matéria seca, em média, o sorgo produz a mesma quantidade com 400 kg de água.
Serviço:
Abaixo, conheça os principais aspectos técnicos da cultivar BRS 658. As informações foram preparadas pelo pesquisador José Avelino Santos Rodrigues.
Híbrido BRS 658
Híbrido simples de sorgo forrageiro de porte alto (média de planta: 260-280 cm de altura), precoce (100-110 dias do plantio até a colheita, grãos leitosos/pastosos), resistente ao acamamento. Apresenta alto nível de produção de forragem (média de 50 a 60 toneladas de matéria verde e de 15 a 18 toneladas de matéria seca por hectare), colmo seco, insípido, grãos de cor bronze, moderadamente resistente à ferrugem, à antracnose e à helmintosporiose.
Fonte: Embrapa