Depois da divulgação de dados ruins sobre a atividade econômica na semana passada, os analistas do mercado financeiro revisaram suas projeções e já esperam uma retração econômica ainda maior neste ano. A previsão de queda do Produto Interno Bruto ( PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) saltou de 1,5% para 1,7%. E no quadro desenhado pelos especialistas há, ainda, mais inflação em 2015 – embora para o ano que vem as projeções sejam de um recuo dos índices.
Segundo o boletim Focus do Banco Central, apurado semanalmente com os economistas das principais instituições financeiras do país, em 2015 deve ocorrer um reajuste nas tarifas de serviços públicos ainda mais pesado que o previsto anteriormente. A projeção para a alta dos chamados preços administrados chegou a 15%. Até a semana passada, essa estimativa era de 14,9%.
E o aumento tem impacto direto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA). A expectativa dos economistas para a inflação oficial deste ano passou de 9,12% para 9,15% – a 14 ª alta consecutiva nas previsões dos analistas, o que coloca a taxa cada vez mais distante do teto da meta de inflação, fixado pelo governo em 6,5%.
Como a inflação não cede, praticamente a totalidade do mercado financeiro espera mais duas altas na taxa básica de juros ( Selic), hoje em 13,75% ao ano. Com isso, os juros chegariam a 14,5% ao ano em dezembro. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária ( Copom) do Banco Central se reúne para decidir os próximos passos da condução da política contra a inflação.
Mas a elevação dos juros está conseguindo reduzir as projeções de inflação para 2016, que caíram de 5,44% para 5,40%. Esse remédio contra a alta de preços, porém, tem um custo alto: a retomada do crescimento econômico deve ser bem mais lenta. Há um mês, a aposta era de um crescimento de 0,7% em 2016. Na semana passada, estava em 0,5%. Agora, é de apenas 0,3%.
Mais investimento estrangeiro
Nas projeções dos analistas, porém, alguns números melhoraram. Um exemplo são os investimnetos estrangeiros, que entram no país para aumentar a capacidade de produção das fábricas – a estimativa para este ano subiu de US$ 66 bilhões para US$ 66,25 bilhões.
Já a expectativa para a balança comercial também melhorou na esteira da cotação maior da moeda americana: subiu de US$ 5,5 bilhões para US$ 6,4 bilhões em 2015, na quinta alta consecutiva.
Tudo isso ajuda, ainda, a diminuir o rombo das contas externas. A projeção para o déficit nas chamadas transações correntes – resultado de todas as trocas de serviço e do comércio do Brasil com o resto do mundo – caiu de US$ 80,5 bilhões para US$ 80 bilhões.
Fonte: O Globo