Quanto mais protegida for a semente, melhor ela vai germinar e expressar o seu potencial produtivo. O tratamento de sementes mira esse propósito, por oferecer uma higienização e um “banho” de defensivos que livra a semente de patógenos no estágio inicial da planta. A inoculação de bactérias é outra técnica consagrada, que ajuda a planta a fixar nitrogênio.
Essas estratégias garantem bons resultados no campo e incremento de produtividade. Mas, elas podem ir muito além. O tratamento de sementes ocorre de forma industrial, enquanto a inoculação muitas vezes é feita de forma caseira e manual pelo produtor, na própria fazenda. A boa notícia é que a evolução disso passa pela profissionalização e unificação desses processos.
Semente perfeita
Como a inoculação é um processo delicado, a indústria propõe tirar essa responsabilidade das mãos do produtor. Nesse novo caminho das sementes inoculadas, quem ficaria com o serviço seriam os sementeiros.
- É só [o produtor] abrir o saco de sementes, abastecer as plantadeiras e começar a semear – diz Fernando Arantes, gerente sênior de Biotecnologia e Tratamento de Sementes da Basf.
Segundo Arantes, os benefícios são a redução de custo, comodidade e ainda aprimorar o processo. Atualmente, para realizar a inoculação caseira, o agricultor precisa colocar as sementes em uma betoneira.
- O produtor acaba estragando a qualidade do tratamento de semente industrial para poder inocular a semente na fazenda – afirma Arantes – E hoje 95% da inoculação é feita nas propriedades. -
A Basf, que está se esforçando para estimular a profissionalização da inoculação, lançou em fevereiro deste ano o Granouro, um inoculante que chega ao mercado na safra 2017/2018 exclusivamente para os sementeiros. Segundo a empresa, o objetivo é que o produto seja aplicado durante o processo de tratamento industrial da semente, com uma vida útil no armazenamento de até 45 dias sem perdas na qualidade do tratamento.
- A semente vem revestida na quantidade exata, então o produtor não vai gastar mais com isso. E o principal ponto é a comodidade de abrir o saco e despejar na plantadeira – explica Arantes.
O sementeiro Valdinei Donato, proprietário da Sementes Cambaí, acredita que essa aproximação entre os sementeiros e as agroindústrias é fundamental para ofertar sementes de melhor qualidade.
- Nós temos que evoluir com outros produtos e com empresas que tragam o pacote completo, porque isso nos deixa mais seguros como multiplicadores – afirma Donato. – Com certeza estamos dispostos e preparados para ofertar mais comodidade para o produtor. -
Com objetivo semelhante, a Bayer também está orientando os produtores sobre a importância de adquirir uma semente bem tratada e proteger a lavoura na fase inicial. A multinacional alemã, por meio da tecnologia Bayer SeedGrowth, oferece uma solução integrada que une a aplicação dos inseticidas, fungicidas e inoculantes, e oferece a opção de o produtor receber as sementes prontas para o plantio.
O que significa TSI?
O tratamento de sementes industrial (TSI) é considerado por profissionais do setor como um caminho sem volta. Pedro Lara, consultor de vendas de TSI da Basf, acredita que no futuro esse tipo de tecnologia pode até ser obrigatória.
- Até por questões ambientais e legislativas isso deve ir por esse caminho – afirma Lara. – O produtor vai ter mais qualidade, a sementeira mais garantia e a indústria vai ter a segurança de que a sua tecnologia está chegando no campo. -
Para o produtor, as vantagens são reduzir despesa com mão de obra e ter certeza de que 100% da sementes receberam a dose mínima recomendada de defensivos e de forma homogênea.
- Fazendo isso o produtor não se expõem aos riscos e tem a garantia de que esse tratamento vai alcançar o objetivo final, que é proteger a lavoura de pragas e doenças e trazer uma inoculação maior – diz Lara. – A chance de ter uma lavoura de alto rendimento é grande. O início de uma grande colheita começa na qualidade do plantio. -
Inoculação
Enquanto a inoculação profissional feita pelas sementeiras não se populariza, o produtor que realiza o procedimento na fazenda pode seguir confiante. A técnica vale a pena, ainda que seja realizada de forma manual. Segundo Arantes, o custo da inoculação de sementes de soja é de cerca de US$ 0,70 para cada saca de 40 quilos.
- É um custo muito baixo em comparação com a resposta que se tem em termos de arranque, desenvolvimento inicial e fixação de nitrogênio, que é fundamental para o desenvolvimento da cultura – afirma Arantes.
Para ele, o Brasil ainda deve avançar muito no uso de inoculantes. Com adesão entre 65% e 70% dos produtores de soja, esse mercado ainda tem muito potencial para crescer.
- Aderir a essa prática pode trazer um benefício extremamente importante, que é aumentar a produtividade – diz o gerente.
Cada fazenda tem uma realidade e, por isso, existem diversas modalidades de aplicação de inoculantes, como aplicação no sulco, na semente ou direto na plantadeira. Algumas, segundo Arantes, trazem mais eficiência e outras menos, mas o fato principal é o produtor introduzir essa tecnologia na lavoura, principalmente aqueles agricultores que salvam sementes.
Fonte: SFAgro