A indústria sementeira de hortaliças tem enfrentado, ao longo dos últimos anos, um gravíssimo problema comercial: o crescimento indiscriminado do uso das chamadas sementes F2, também conhecidas comumente como “semente pirata” – material obtido a partir de sementes “salvas/tiradas” de lavouras que utilizaram híbridos comerciais disponíveis no mercado.
De acordo com o Diretor de Sementes da Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), Alécio Schiavon, estas sementes F2 (piratas) não conservam todas as características e atributos da variedade híbrida original, o que impacta diretamente na performance agronômica do material, além de expor o próprio produtor e o ambiente á contaminação por diversas doenças que podem se transmitidas por sementes obtidas sem os cuidados profiláticos necessários.
- Com esta prática, as companhias têm suas variedades comercializadas ilegalmente, inclusive, em alguns casos, com embalagens falsificadas, que imitam as originais, a preços bastante inferiores, já que não possuem os tratamentos e o potencial genético agregados durante o rigoroso processo de produção das sementes híbridas pela indústria – explica Schiavon.
Combate à semente pirata
Esse problema, bastante preocupante para a horticultura brasileira, mobilizou todo o setor para o lançamento da Campanha Nacional de Combate à Pirataria de Sementes de Hortaliças, liderada pela ABCSEM, com o apoio do Ministério da Agricultura. A ação irá divulgar para profissionais do setor e para a sociedade em geral, sobre os malefícios e as implicações jurídicas desta prática que é considerada crime no país, conforme artigo 190, Inciso I, do Decreto 5153/2004, o qual é caracterizado como proibido, e constitui infração de natureza gravíssima.
- Estamos certos de que a articulação conjunta, entre as entidades de classe, os órgãos governamentais e a iniciativa privada, possibilitará abordagens mais abrangentes e efetivas no combate à pirataria de sementes em todas as regiões do Brasil – afirma Steven Udsen, presidente da ABCSEM.
Riscos e desvantagens da pirataria
De acordo com a ABCSEM, as sementes piratas fazem parte de um comércio clandestino, de concorrência desleal, com sonegação de impostos, que provoca retração na economia e diminuição dos empregos formais na indústria e no campo. No âmbito agrícola, as consequências desta prática são baixa qualidade dos frutos e queda de produtividade, além do aumento considerável das chances de presença de patógenos (agentes disseminadores de doenças) nestes materiais, ocasionando contaminação e perdas na lavoura.
Já no âmbito comercial, o uso de semente pirata acarreta no descrédito do público consumidor, em detrimento da baixa qualidade dos produtos (com alterações no tamanho, formato, sabor, tempo de prateleira, etc.), dificultando a comercialização destas hortaliças junto à varejistas, atacadistas e supermercados, fazendo com que a economia inicial com o baixo custo das sementes, resulte em grande perda de rentabilidade no negócio.
Fonte: SFAgro