Após investir na produção de polpas de frutas, uma família de Guajará-Mirim (RO) viu a renda mensal subir de um salário mínimo para R$ 30 mil. A ideia de abrir o próprio negócio surgiu em 2011 e atualmente os trabalhadores da agricultura familiar embalam e comercializam cerca de 60 toneladas de polpas a cada ano, que são vendidas na própria cidade.
O sítio da família Paixão, que leva o nome da produção, está localizado no Km 12 da Estrada do Palheta, no Ramal Olho D’água. A microempresa é a primeira implantada na Região da Pérola do Mamoré.
A ideia de investir na área partiu do empreendedor Bruno Paixão, que convenceu os familiares a cultivar uma imensa variedade de frutas na propriedade que pertence a família desde 1973.
Além de Bruno, o negócio é gerido pelos irmãos Renner e Fabrício, e também pelos pais Antônio e Guilhermina e o tio Carlos, que se mudou de Cacoal (RO) exclusivamente para trabalhar na produção.
O negócio emprega diretamente dez pessoas, todos da família Paixão. Além disso, beneficia indiretamente 120 pequenos produtores de 30 famílias que produzem as frutas e as vendem para se tornarem a matéria prima, o que acaba movimentando a economia e gerando mais empregos.
Em entrevista ao G1, Bruno contou que a ideia surgiu a partir de uma lei que determina que 30% da merenda escolar seja fornecida pela agricultura familiar e resolveu investir na produção das polpas com objetivo inicial de abastecer todas as escolas da cidade e localidades próximas.
O plano alcançou o sucesso rapidamente e logo as polpas começaram a ser vendidas também fora do mercado escolar, o que acabou potencializando o setor da produção de frutas e polpas.
- Em 2011, quando o Governo Federal determinou que as escolas teriam que comprar produtos da agricultura familiar, nós enxergamos ali uma grande oportunidade de fazer o próprio negócio e começamos dentro de casa mesmo. Logo depois, quando vimos a repercussão, investimos no lado profissional da industrialização das polpas – relembra o empreendedor.
Sobre a legalização da microempresa e devidas licenças sanitárias e ambientais necessárias para a produção e venda dos produtos, o produtor rural declarou que a família procurou se adequar a todos os padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura e que investiu também na construção de um prédio específico para fazer todo o processo de industrialização, dentro da própria propriedade.
- Já passamos por várias vistorias e estamos totalmente legalizados. Pretendemos inaugurar agora no próximo mês de dezembro a 1ª agroindústria de polpa de frutas em Guajará-Mirim. Isso é bom para todo mundo, nós compramos as frutas dos pequenos produtores e damos a eles a garantia de um mercado – diz confiante no mercado.
Produção e venda
No sítio é cultivada uma imensa variedade de frutas. Após a colheita, as frutas são levadas para a residência no Bairro São José, em Guajará, e são processadas com uma despolpadora industrial. Em seguida a polpa produzida é armazenada dentro dos congeladores e já estão prontas para serem vendidas no mercado.
Os pomares ocupam uma área de produção de 5 hectares e a produção chega a 5 toneladas mensalmente.
Atualmente são cultivados o cupuaçu, acerola, goiaba, cajá, abacaxi, maracujá, manga, graviola, açaí, buriti, coco, jaca, ingá, caju, pupunha, tucumã, mamão, azeitona, mandioca, tangerina, limão, cana, tamarindo, banana e várias outras frutas típicas da região.
O quilo da polpa chega a ser vendido, em média, a R$ 10, mas algumas frutas mais apreciadas custam R$ 12.
As que têm um custo de produção maior são vendidas a R$ 15, como é o caso do maracujá e da graviola, que precisam de uma grande quantidade de frutas para produzir apenas 1 quilo de polpa.
A polpa produzida é vendida no comércio local e também é fornecida para aproximadamente 30 escolas municipais e estaduais de Guajará-Mirim e Nova Mamoré (RO), município vizinho distante a 40 quilômetros, além de distritos próximos.
Apoio do poder público
O negócio da família ganhou o reconhecimento e apoio do Ministério da Agricultura e da Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semagrip), além de outros órgãos e entidades que acompanham o projeto desde o início. Segundo o agrônomo da Semagrip no município, Fábio Ferreira da Silva, disse que o foco do órgão é incentivar os pequenos produtores a fazerem o plantio de fruteiras para estimular essa cultura nas propriedades da região, produzindo frutas nativas e também trazidas de outras regiões do país.
- A Semagrip tem uma parceria com a família Paixão, que é pioneira neste setor e acompanha o projeto, dando orientações e trazendo outros empreendedores interessados para ver como o negócio foi implantando – ressalta o servidor.
Controle de pragas e cuidados com o solo
O engenheiro da Semagrip falou sobre o controle das pragas e os cuidados para manter o solo produtivo são feitos de maneira natural, mas também com tratamento químico, se necessário.
- Recomendamos que o proprietário faça a análise do solo para ter o diagnóstico de qual nutriente está faltando para repor, dessa forma a planta jamais vai deixar de produzir em larga escala. Já em relação as pragas estamos usando um sistema agroflorestal, imitando uma floresta com uma grande diversidade de plantas. Naturalmente cada praga tem um predador natural e assim conseguimos manter o equilíbrio, caso houver uma situação de emergência iremos recorrer a produtos químicos, porém até agora nunca precisamos – explicou Fábio.
A expectativa da família é que a partir de 2018 o negócio seja expandido e as polpas sejam vendidas para outras cidades do estado e as demais regiões do Brasil.
Fonte: G1
Foto: Júnior Freitas/G1