Apesar da redução no número de produtores nas menores faixas de produção do setor, houve aumento da especialização dos que seguiram no mercado. Esse cenário retrata um grande processo de seleção que o Rio Grande do Sul tem enfrentado, conforme destacou o assistente técnico estadual da Emater/Ascar-RS, Jaime Ries, que palestrou nesta terça-feira (24/10), em Porto Alegre (RS), durante seminário do projeto Futuro RS. O evento, proposto pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), tratou de elaborar uma agenda propositiva para construir alternativas para o desenvolvimento do Estado, com foco na ampliação da produtividade e da qualidade da produção de leite gaúcha.
Conforme Ries, em um comparativo de 2017 para 2015, notou-se uma redução de 42% em produtores nas menores faixas de produção diária, ou seja, aquelas que produziam até 50 litros de leite. Os que permaneceram, no entanto, focaram na tecnologia para ampliar sua participação no setor. “O número de produtores está diminuindo, mas os que ficaram estão mais especializados, têm uma escala maior de produção, maior produtividade do rebanho e entregam mais leite para a indústria”, afirmou. Segundo ele, dos 497 municípios do RS, 465 têm produtores vinculados à indústria, ou seja, quase 94% das cidades gaúchas.
Ries apresentou sugestões para melhorar a competitividade e a produção nas propriedades gaúchas. Segundo ele, é necessário fazer a ampliação dos investimentos em sanidade animal, ter uma política efetiva de pagamento por qualidade do leite, assim como incentivo à descentralização do parque industrial. Além disso, para ele, é preciso buscar o fortalecimento das políticas de aquisição de alimentos e fazer a discussão de alternativas para os que sairão da atividade. “O leite exige muita dedicação das famílias e também especialização, o que podemos observar especialmente nesses últimos dois anos”.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat), Alexandre Guerra, é necessário concentrar esforços principalmente nos produtores que buscaram a profissionalização e eficiência. “Temos que trabalhar a eficiência, a competência naquilo que nós fizemos. O produtor, em produzir de forma viável a 30 centavos de dólar, a indústria, em pagar também o leite por sólidos e não só por volume, e o governo, em simplificar a burocracia que tanto se tem”, ressaltou, destacando que as propriedades precisam estar, cada vez mais, próximas da tecnologia.
Palestra com Jaime Ries durante seminário do projeto Futuro RS. Foto: Jézica Bruno
Fonte: SindiLat