A chuva que vem atingindo parte do Rio Grande do Sul nesta quinta-feira (19) já causou transtornos em 40 municípios, segundo informou a Defesa Civil do estado. Mais de 1,7 mil residências foram afetadas, com destelhamentos registrados em 28 cidades.
Também foram registradas quedas de árvores e postes e falta de energia elétrica. No início da noite, havia 130 mil clientes da RGE Sul sem energia, e outros 37 mil na área da RGE. A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) disse que alguns pontos isolados estão sem energia em Porto Alegre e na Região Metropolitana.
Vento de até 110 km/h
Uma das cidades mais atingidas foi Santa Maria, onde a velocidade do vento chegou a 110 km/h. Um avião foi arrastado e outro foi virado pelos fortes ventos na madrugada no pátio do aeroporto local.
Quase 1 mil famílias pediram ajuda para consertar telhados. Entre os bairros mais atingidos estão o Parque do Pinheiro e Nova Santa Marta.
As aulas foram suspensas em mais de 20 escolas municipais, deixando cerca de 13,3 mil alunos sem aula. A cobertura foi levada pelo vento, e telhas de prédios vizinhos vieram parar aqui.
- Vamos precisar muito de ajuda e da prefeitura para reconstruir porque somos uma instituição filantrópica – diz a diretora da escola, Sônia Gentile.
O meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Daniel Caetano descartou que um tornado tenha atingido a cidade.
- Analisamos os radares de Santiago da base aérea e também aqui do aeroporto e com base nos estragos que não tem sinais rotacionais, nos parece que foi um evento de sentido único – explica.
De acordo com a Defesa Civil, a chuva forte começou por volta das 2h30, e as linhas telefônicas do órgão chegaram a ficar congestionadas em virtude do volume de chamados. Devido à falta de luz, a prefeitura orientou os pais a entrarem em contato com as escolas antes de encaminharem os filhos para as aulas.
Na mesma região, Mata teve a rede elétrica danificada. O vento forte destelhou 25 casas e derrubou 20 postes de luz. Desde então, os mais de cinco mil moradores estão sem energia e abastecimento de água.
Em Cachoeira do Sul, 110 casas foram atingidas pelo granizo e vento forte, e a prefeitura distribui lonas para as famílias.
- As pedras eram enormes – diz a auxiliar de serviços gerais Vera Melo. – Nos assustamos muito. A sorte é que aqui temos vizinhos tudo perto e aí fomos para a casa dos vizinhos. -
Dezenas de casas tiveram danos em Santana do Livramento. O município na Fronteira Oeste teve vento acima de 90 km/h e chuva de granizo. Pelo menos 200 famílias tiveram danos nas residências.
Os maiores estragos foram registrados em dois bairros na periferia da cidade.
- Ficou tudo destruído. Agora estão tapando, mas não adianta tapar, não tem condições – desabafa a dona de casa Jociane Corrêa.
Segundo alguns moradores, as pedras de gelo caíram por 15 minutos. Quando a tempestade começou, o autônomo Luis Carlos Pacheco conta que pegou a mulher e os seis filhos e colocou todos sob um beliche.
- Qualquer coisinha de temporal, de chuva, todo mundo fica assustado, com medo, não dorme. Já fomos até 2h, 3h30, depois que passou aquela veio outra – diz o autônomo.
A Defesa Civil Municipal já distribuiu mil metros de lona para cobrir as moradias, e elabora um cadastro com as famílias que precisam de ajuda.
Em Alegrete, as aulas foram suspensas em cinco colégios. Na maior escola pública da cidade, o vento levou parte do telhado e as salas ficaram alagadas. A Defesa Civil distribuiu mais de 500 metros de lonas para serem usadas nas 40 casas que foram destelhadas.
Em Manoel Viana, centenas de árvores e postes de energia foram derrubados pela força do vento. A prefeitura já estima um prejuízo de R$ 1 milhão só na área urbana.
Pelo menos 10% da população de 7 mil habitantes foi atingida de forma direta pelo temporal. Todo o município está sem água e sem luz. Já as aulas para os 2 mil estudantes, foram suspensas até segunda feira.
A Região Noroeste voltou a ser uma das mais prejudicadas com o temporal. Em Tupanciretã, as rajadas de vento chegaram a 105 km/h. O telhado desta casa ficou destruído, e a Defesa Civil interditou o local.
- Tá bem comprometida, tem o canto ali rachou, lá no fundo também. Nós vamos ter que fazer uma recuperação geral na casa – explica o engenheiro Paulo Roberto Rad.
Moradores de Santo Ângelo que não se recuperaram dos temporais da semana passada enfrentam mais estragos. O vento forte foi o responsável por destelhar mais de 120 casas e derrubar dezenas de árvores por toda a cidade.
Em Soledade, pelo menos 30 casas tiveram os telhados danificados com o temporal. O município deve decretar situação de emergência. Quatro escolas também tiveram prejuízos. Uma delas teve o telhado do ginásio quase todo arrancado com a força do vento, que chegou a mais de cem quilômetros por hora. Durante o dia vários pontos da cidade ficaram sem energia elétrica.
Fonte: G1 RS