O prefeito de São Paulo, João Doria Junior (PSDB), encontrou-se, nesta terça-feira (17/10) com representantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), em Brasília (DF). Segundo o colegiado, Doria recebeu a pauta de prioridades do setor.
O nome de Doria tem sido citado como eventual candidato à Presidência da República no ano que vem. Mas em entrevista coletiva transmitida pela FPA nas redes sociais, o prefeito e o presidente da Frente, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) procuraram evitar dar um tom político ao encontro na capital federal.
- Eleições, vamos discutir no ano que vem. Nesse momento, nós estamos nos aproveitando da figura simpática e importante do prefeito – disse o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), elogiando as habilidades de comunicação de Doria.
– São Paulo não é produtor. É consumidor. É o maior centro de consumo urbano da América Latina. Quase 18% da produção agrícola brasileira tem em São Paulo sua principal fonte de consumo – disse Doria, para justificar seu encontro com os parlamentares para “debater o agro brasileiro”.
O prefeito de São Paulo afirmou ainda que o agronegócio é o que mais chama a atenção dos investidores com quem conversa em suas viagens internacionais.
- São Paulo não pode fornecer projetos de agro. Por isso, sempre recomendo que avancem ao âmbito do Estado e do governo federal – disse Doria.
Além do encontro com a bancada ruralista, a agenda de João Doria Junior na capital federal previa encontros também com os ministros Bruno Araújo, das Cidades, e Mendonça Filho, da Educação.
Trabalho escravo
Questionado sobre a portaria do Ministério do Trabalho que altera definições de trabalho escravo no Brasil, Nilson Leitão (PSDB), negou influência da Frente Parlamentar sobre a decisão do governo. O texto, que atende demandas da bancada ruralista, foi publicado em meio à discussão de mais uma denúncia contra o Presidente Michel Temer.
Nesta terça-feira (17/10), Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho recomendaram ao governo revogar a medida. Líder de um grupo de parlamentares com peso nas votações, principalmente, na Câmara dos Deputados, Leitão negou ter havido uma “troca de favores” entre os parlamentares e o Executivo.
- Não tem troca de favor nenhum. Isso é um debate antigo que tem que sair do campo ideológico e ir para o campo prático do que é bom para o Brasil – rebateu Leitão.
Leitão reiterou a defesa já feita pela FPA, de que as normas sobre trabalho escravo sejam discutidas no Congresso Nacional. No entanto, reiterou que portarias como a divulgada pelo Ministério do Trabalho ajudam a dar segurança jurídica, com proteção ao trabalhador.
- Cria um conceito definitivo para que não haja interpretação do fiscal. O fiscal tem que aplicar a lei, não tem que interpretar a lei. Quando ele interpreta, se torna perigoso. É necessário que a lei brasileira seja autoaplicada – argumentou o parlamentar.
Nilson Leitão elogiou, por outro lado, o item da portaria do Ministério do Trabalho, que coloca restrições à divulgação da chamada “lista suja” do trabalho escravo, com o nomes de empresas autuadas pela prática ilegal. O deputado usou como argumento o direito à ampla defesa.
- Divulgar uma lista daqueles que são autuados pelos fiscais de forma sumária não é bom. Todos têm direito à defesa e quando não se dá essa ampla defesa, não se pode simplesmente rasgar a história de um empresário – disse.
Fonte: Revista Globo Rural
Foto: FPA