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AGRICULTURA SINTRÓPICA

A primeira área experimental de agricultura sintrópica do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) foi implantada na Fazenda Experimental Bananal do Norte, em Cachoeiro de Itapemirim. Trata-se de um projeto de pesquisa que busca contribuir para o desenvolvimento sustentável e rentável da agricultura capixaba.

O projeto de pesquisa “Qualidade ambiental e rentabilidade da agrofloresta sucessional biodiversa” é coordenado pela pesquisadora do Instituto Lorena Abdalla de Oliveira Prata Guimarães, doutora em Solos e Nutrição de Plantas, e recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes).

Segundo Lorena, o projeto tem como objetivo geral avaliar a qualidade edáfica e fitossanitária e a rentabilidade do sistema agroflorestal sucessional biodiverso (agricultura sintrópica), comparado com o sistema de monocultivo convencional, para a produção de culturas alimentares, hortaliças, frutas e café. O estudo será realizado na Fazenda Experimental Bananal do Norte, em Cachoeiro de Itapemirim, entre os anos de 2017 e 2019.

- O intuito é comparar como algumas das principais culturas agrícolas plantadas no sul do Estado se comportam no sistema convencional e em sistemas agroflorestais manejados segundo os princípios da agricultura sintrópica, de modo a gerar resultados que estimulem a adoção deste último, que é sustentável e acredita-se ser mais produtivo. A agricultura sintrópica permite aliar a conservação dos recursos naturais com elevadas produtividades e diversificação da produção na propriedade rural. Os resultados das pesquisas são o suporte científico necessário para a difusão e adoção da agricultura sintrópica – explicou a pesquisadora.

Atividades previstas

As principais atividades a serem desenvolvidas por esse projeto são análise da qualidade do solo, principalmente para aumentar as reservas de água e carbono; monitoramento e de pragas e doenças, com o intuito de possibilitar a redução do uso de agrotóxicos nos sistemas produtivos por meio da adoção das agroflorestas; análise do custo de produção, da produtividade e da rentabilidade das agroflorestas sucessionais, comparadas com os monocultivos convencionais; e difusão dos resultados e formação de recursos humanos.

- É muito importante destacar que o projeto já tem contribuído para a difusão da agricultura sintrópica e formação de recursos humanos no manejo desse sistema no ES. O tema já foi apresentado para pais e alunos da Escola Família Agrícola de Pacotuba. Os alunos desta Escola participaram do plantio do experimento. A área experimental já recebe estagiários e bolsistas. No final de 2017, será realizado um curso para capacitação de técnicos do Incaper. O projeto também prevê a realização de um dia de campo para produtores e técnicos do sul do Estado – contou Lorena.

Resultados esperados

De acordo com Lorena, com o projeto, a agricultura sintrópica foi introduzida experimentalmente no Espírito Santo como um modelo rentável e capaz de aumentar as reservas de carbono e água no solo. Alguns dos resultados esperados são a adaptação do manejo de um sistema agroflorestal para as condições edafoclimáticas do Sul do ES; de um sistema agrícola que melhore a fertilidade, aumente os teores de carbono, reduza a compactação e incremente a atividade microbiana do solo; e de um sistema que aumente a capacidade de retenção de água do solo, com maior eficiência no uso da água na irrigação.

Outros resultados esperados são a melhoria da qualidade fitossanitária e redução do uso de agrotóxicos na produção de alimentos; aumento da renda do produtor rural e diversificação da produção e formação de recursos humanos no manejo da agrofloresta sucessional.

- O sistema tem se mostrado a melhor alternativa até o momento para a solução de diversos problemas enfrentados pelos agricultores capixabas, como as secas dos últimos anos, a dependência econômica de monocultivos, a demanda crescente por defensivos (cada vez menos eficientes, principalmente por causa do uso inadequado), a exaustão dos solos e até mesmo a sucessão rural. Neste último caso, a agricultura sintrópica tem estimulado o retorno ou a permanência de jovens nas propriedades rurais em todo o Brasil. Muitos jovens procuram os cursos que acontecem em alguns estados brasileiros porque buscam um modo de vida diferente e mais saudável e pela oportunidade de trabalho – explicou Lorena.

Ela disse que existem muitas lacunas do conhecimento dos sistemas agroflorestais, sobretudo quando se trata da agricultura sintrópica e de sua viabilidade econômica.

- Essas lacunas dificultam ou impedem que os técnicos recomendem o sistema. Além de contribuir para a melhoria da assistência técnica do Incaper, o projeto contará com a formação de recursos humanos e com a transferência direta dos resultados para os agricultores, na forma de dias de campo e visitas – concluiu a pesquisadora.

Fonte: Incaper



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