O ex-secretário de Política Agrícola e atual presidente da Câmara de Crédito e Comercialização do Ministério da Agricultura Ivan Wedekin afirmou nesta segunda-feira (18/9) que o fim do sistema de crédito rural, com o desmonte das atuais regras de concessão, levaria a uma disparada da taxa de juros para o setor agrícola.
O atual sistema tem juros controlados com subsídio do Tesouro, de 8% ao ano, e os livres praticados pelo mercado para os agricultores, em 12% ao ano. Já a taxa de juro livre fora das regras do manual de crédito rural está em 36% ao ano, na média, para pessoas físicas e jurídicas.
- Se extinguir o sistema nacional de crédito rural provavelmente as taxas vão migrar para mais perto dos 36% do que dos 8% a 12% do crédito rural atual – disse Wedekin em entrevista durante a Conferência Internacional de Pecuaristas (Interconf), em Goiânia (GO). – É preciso simplificar o crédito rural, porque até mesmo o recurso livre tem muita trava, obrigatoriedade e comprovação. É muito mais fácil pegar R$ 50 mil para comprar um carro do que para plantar milho no Brasil. -
A ideia de se desmontar o sistema de crédito rural brasileiro ganhou força na elaboração do Plano Agrícola e Pecuário 2017/2018. O argumento, principalmente da equipe econômica, é de que a queda da taxa básica de juros, a Selic, para 7% a 8% ao ano, faria com que os juros ao agricultor também recuassem, sem a necessidade da utilização da política pública para o setor.
Fonte: Estadão